O principal argumento dos favoráveis é que a articulação fortalecerá o PSB e dará mais condições para que o presidente nacional da sigla, o governador Eduardo Campos (PE), dispute a presidência da República.
"É muito importante a vinda dele [Kassab]. A gente vai se estruturar mais na região Sudeste", afirma o deputado Gonzaga Patriota (PE). "Nenhum partido sobrevive sem ambição de poder", diz Ribamar Alves (MA).
Dos 29 favoráveis, 21 defendem abertamente a ida de Kassab para o PSB. Outros oito congressistas, mesmo declarando estarem em "dúvida", demonstram simpatia ao democrata. "O que eu posso dizer é que um prefeito da cidade do porte de São Paulo amplia qualquer partido", afirma a senadora Lídice da Mata (BA).
A diferença de identidade entre Kassab, hoje em um partido de direita (DEM), e o PSB, um partido com ideais socialistas, é a principal preocupação dos três parlamentares que são contra a fusão. A ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina ameaça, inclusive, deixar o partido caso a ideia se concretize. "Pela incompatibilidade, incoerência que isso representaria. Eu seria uma estranha no ninho", explica.
Erundina ressalva que nem foi procurada por Campos e diz também que nem sempre o crescimento é positivo. "Cresce, mas cresce inchando. O inchaço é doença e doença mata."
Favorável à ida do prefeito para o PSB, o senador Rodrigo Rollemberg (DF) minimiza a diferença entre as bandeiras partidárias. "Os eleitores do Brasil hoje são de centro. O importante é se o político é bom administrador, não se o partido é de direita ou de esquerda."
Para o deputado Dr. Ubiali (SP), "não existem mais partidos de esquerda ou de direita" no Brasil.
Os outros deputados contrários são Ariosto Holanda (CE), que classifica o atual cenário político como uma "geleia geral", e Gabriel Chalita (SP), que tem ambições de disputar um cargo no Executivo em São Paulo. Defensor de Kassab, o deputado Ribamar Alves (MA) afirma que "a ambição pessoal não pode estar acima da ambição partidária".
DRIBLE
A possibilidade de criar um novo partido para depois se fundar com o PSB foi articulada por Kassab como forma de driblar a regra da fidelidade partidária. Apenas mudando de legenda, ele poderia perder o seu mandato.
"Se isso for uma burla, não será a primeira", afirma Abelardo Camarinha (SP), um dos defensores da ida de Kassab para o partido.
Já Erundina diz que ele estaria burlando a lei. "Porque a lei assegura que alguém possa sair do seu partido para ir para um novo partido se esse partido fosse realmente pra valer."
Kassab deve deixar o DEM até o dia 30 de março. Um dos nomes avaliados para o novo partido é PDB (Partido Democrático Brasileiro). A intenção é ganhar um palanque para se candidatar ao governo do Estado em 2014. Outros nomes, como o vice-governador Guilherme Afif Domingos, devem segui-lo.
Folha Poder
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