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quarta-feira, 16 de março de 2011

Eu sou você amanhã: Flu copia os erros do Fla após título brasileiro

Após conquista do Brasileirão, clubes trocam de presidente, mudam técnico, passam dificuldades na Libertadores e têm problemas com os artilheiros


Fluminense e Flamengo ficaram na igualdade (0 a 0) no clássico do último domingo, pela Taça Rio. Mas as semelhanças entre ambos vão muito além do resultado de um jogo. Campeão brasileiro de 2010, o Tricolor apresenta hoje os mesmos problemas do rival, após a conquista do Brasileirão 2009.
A ressaca pós-título de ambos apresenta sintomas muito parecidos. A começar pela troca de comando dos clubes. No dia seguinte à conquista do Brasileirão, Patrícia Amorim bateu o candidato da situação Delair Dumbrosck e ocupou a vaga de Marcio Braga a partir de 2010, assumindo a presidência do clube. No Flu, Peter Siemsen foi eleito para o lugar de Roberto Horcades quatro dias antes do jogo do título, contra o Guarani. E os dois novos mandatários tomaram decisões semelhantes em seus primeiros meses de trabalho: mantiveram a cúpula do futebol que comandava seu time e as respectivas comissões técnicas.
Fred Fluminense Adriano Flamengo (Foto: Montagem sobre foto da Photocamera)Fred e Adriano: artilheiros ausentes para Fla e Flu no pós-título  (Foto: Montagem sobre foto da Photocamera)
 
Mas nos dois casos isso durou pouco tempo. No sábado, Peter decidiu demitir Alcides Antunes, que ocupava o cargo de vice-presidente de futebol. O dirigente nunca contou com o apoio do presidente, principalmente por parte do grupo político (Flusócio) que ajudou Peter a se eleger. Por conta de um pedido do presidente da patrocinadora, segurou Alcides no cargo. Mas a preferência de Celso Barros prevaleceu por apenas três meses. E o mandatário cedeu aos apelos da Flusócio.

No Fla, a manutenção do também vice de futebol, Marcos Braz, durou um pouco mais. Foram quatro meses de ambiente atribulado, resultados não tão convincentes e o dirigente foi demitido. Os dois cartolas, inclusive, marcaram entrevistas coletivas para churrascarias, dias depois de deixarem os cargos.
O curioso é que nos clubes o projeto era em cima da criação de uma estrutura profissional na gestão do futebol. Tão logo dispensou Marcos Braz, Patrícia Amorim colocou o vice-presidente Hélio Ferraz à frente do futebol por alguns meses. Posteriormente, acumulou a função até a chegada de Luiz Augusto Veloso, ex-presidente que apoiou a chapa dela nas eleições.

Nas Laranjeiras, a corrida contra o tempo para contratar um gerente de futebol já foi iniciada. A ideia era contar com um profissional para esta função desde o início do ano, mas a dificuldade para encontrar um nome de peso atrapalhou. Agora, Felipe Ximenes, coordenador de futebol do Coritiba, pinta como favorito.
As pessoas começam a vazar notícias, a assessoria da presidência vai plantando e torna-se insustentável. "
Marcos Braz, ex-vice de futebol do Flamengo
 
Marcos Braz concorda que há muitas semelhanças nos dois modelos de transição. Ele diz que foi boicotado por uma rede de intrigas de partidários da presidente Patrícia Amorim.
- A história é idêntica. Futebol é a joia da coroa de qualquer clube. Não sei se é errado ou certo, mas a Patrícia tinha compromisso com pessoas que a apoiaram. Ela só não contava receber um time campeão e por isso me manteve. Mas depois implanta o terror para mudar os rumos. O sofrimento do Alcides foi igual ao meu. As pessoas começam a vazar notícias, a assessoria da presidência vai plantando e torna-se insustentável. O que sofri de matéria plantada do Adriano... Eu abonei algumas situações, mas também me desgastei com ele. Só que essa edição das informações fez com que prevalecesse a ideia do privilégio. Conselho para o Alcides é não ficar com raiva porque o título ninguém toma. Assim como ele, também saí amargurado sem poder me defender – afirmou o ex-vice de futebol rubro-negro.
No Fluminense houve também o questionamento quanto ao vazamento de notícias. O técnico Muricy Ramalho chegou a alertar a assessoria de imprensa do clube após a derrota por 1 a 0 para o América-MEX, pela Libertadores, e reclamou da situação criada com boatos dando conta que ele teria brigado com o vice de futebol do clube, Alcides Antunes.

- O presidente precisa tomar as atitudes por ele e não temer o grupo. Vai ser muito mais forte se conseguir quebrar o compromisso que tem com a Flusócio. Se for para ser novo dessa maneira, ninguém vai querer. O velho é muito melhor - disse Alcides Antunes, em referência ao nome da chapa de Peter na última eleição, o 'Novo Fluminense'.
Muricy Ramalho saída Engenhão (Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo)Muricy na saída Engenhão, após  se demitir
(Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo)
 
Junto com Marcos Braz, o técnico Andrade também deixou o Flamengo, à semelhança do que aconteceu com Muricy no Fluminense. A diferença é que, ao contrário do ex-treinador tricolor que decidiu sair, Andrade foi demitido. Em comum, os técnicos campeões nacionais registraram maus resultados na Libertadores. O Flamengo avançou para a segunda fase com a pior campanha na etapa de grupos. Já o arquirrival soma apenas dois pontos em três jogos e precisa vencer todos os duelos para seguir na competição sem a necessidade de uma combinação de resultados.

A ausência de um dos seus principais jogadores e artilheiros em boa parte da primeira fase da Libertadores também afetou as equipes. Adriano, alternando entre lesões e problemas emocionais, atuou apenas em três dos seis jogos. Fred poderá, no máximo, igualar esse número. Suspenso na primeira partida e machucado nas duas seguintes, o atacante tricolor deve estrear na Libertadores na quarta rodada, contra o América-MEX. As estrelas também nunca deixaram de ter seus nomes ligados a possíveis problemas extracampo.
O turbilhão de problemas fez o Flamengo ter um ano difícil, que culminou com a briga contra o rebaixamento no Brasileiro. Os tricolores esperam frear as dificuldades antes para que as semelhanças com o maior rival não cheguem a esse ponto.

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