Os  advogados Antônio Maurício Costa e Jamílton Damasceno, que atuam na  defesa dos direitos dos proprietários de terras na região do Porto do  Açu, ingressaram com várias medidas judiciais visando resguardar os  direitos dos produtores sobre seus imóveis e o pagamento do justo valor  das áreas desapropriadas, mas pleiteiam também royalties (indenização)  em caso de exploração de petróleo ou outro mineral que venha  eventualmente ser extraído das terras em litígio.
Os dois advogados têm colhido  depoimentos de seus clientes segundo os quais alguns pontos das  propriedades em processo de desapropriação têm sido perfurados com  sondas e outros instrumentais técnicos, o que reforçam as suspeitas da  existência de petróleo em terras naquela região.
As suspeitas sobre a existência  de reservas petrolíferas na área remontam ao tempo em que, no final dos  anos 50, operários foram vistos perfurando poços na região do Xexé, a  poucos quilômetros do Açu, já no município de Campos. As fotos da época,  inclusive, ilustram o documentário “De todos os tempos, Campos de todos  nós”, produzido pelo jornalista Winston Churchill. “Não estamos  levantando esta hipótese de uma forma aleatória, mas com base em  elementos de convicção após conversarmos com mais de 50 produtores. Se  as terras são para exploração de fins industriais, por que já entram  perfurando o terreno mesmo antes da conclusão do processo de  desapropriação?”, questiona Antônio Maurício.
Costa e Damasceno disseram que  foram procurados por pescadores que estão impedidos de pescar na Lagoa  de Iquipari. “Era dali que eles retiravam o sustento de suas famílias,  onde agora foi instalada uma guarita que vive cercada de seguranças  armados que impedem a entrada dos pescadores. Isso é mais uma das tantas  arbitrariedades que têm sido praticadas contra os trabalhadores”, disse  Antônio

Os  advogados solicitaram informações ao juiz corregedor do Núcleo Regional  da Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Rio, Heitor Campinho,  sobre oficiais de Justiça que estariam cumprindo ordens judiciais na  primeira e segunda varas da Comarca de São João da Barra “contra réus  ignorados, invadindo propriedades e residências de seus clientes no  processo de desapropriação de terras para a instalação do complexo  industrial na área do porto”.
“A  Constituição Federal é clara quando diz que qualquer ordem escrita  emanada de qualquer autoridade constituída tem que se dirigida a  alguém”, disse Antônio Maurício. O advogado informou que ele e seu  colega ingressaram na Justiça com uma liminar e habeas corpus preventivo  para resguardar os direitos dos produtores.
Os  dois advogados acrescentam ainda terem tomado conhecimento de  considerável reforço de remanejamento de oficiais de Justiça para a  comarca de São João da Barra, visando o cumprimento de mandados em  operações onde são utilizados até helicópteros. “Os advogados e  representantes da outra parte são cosmopolitas e ignoram a realidade  cultural, social e fundiária da nossa região. Não estamos lidando com  marginais, mas com pequenos produtores que trabalham em suas terras e  dali retiram o único meio de sustento. O que se que deseja é que seja  pago um valor justo pelas terras em processo de desapropriação, sem  violência e as arbitrariedades que têm sido praticadas”, afirmou ainda o  advogado.
O  advogado alvejou também a prefeita Carla Machado, a quem acusou de  omissão na defesa dos direitos dos proprietários das terras. “A prefeita  tem sido completamente omissa nessa questão. E a LLX, na medida em que  invade terras dos outros, tem feito o mesmo papel do Movimento Sem  Terra. É o MST de gravata”, resumiu Costa.
Por  volta de 17.20h, a reportagem de O DIARIO entrou em contato com a  assessoria de Comunicação da LLX, que responde pela construção do porto  do Açu. Até o fechamento da edição, ainda não havia sido enviada uma  resposta aos questionamentos dos advogados.
A reportagem é do jornal O Diário.
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