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domingo, 1 de maio de 2011

Amarildo Possesso: “Eu sinto na pele, o Goytacaz é meu sangue”




O Goytacaz não entrou em campo neste sábado (30/04), mas um dos maiores nomes de todos os tempos do futebol brasileiro e que iniciou sua carreira, ainda muito jovem, aos 12 anos, no alvianil campista, esse sim entrou em campo com a camisa do clube e depois de 37 anos após a última vez que pisou no gramado do Estádio Ary de Oliveira e Souza, retornou ao clube, Amarildo Tavares Silveira, o “Possesso”, 71 anos, dos quais 59 dedicados intensivamente ao futebol.

Amarildo foi recebido no Goytacaz pela diretoria, comissão técnica e alguns torcedores que ao tomarem conhecimento da visita ilustre, correram para não perderem a grande oportunidade de rever aquele que brilhou com a camisa da Seleção Brasileira, e foi com a camisa canarinho que aos 21 anos foi campeão mundial no Chile, em 62, e exatamente por suas atuações nesta competição ganhou de Nelson Rodrigues o apelido de “Possesso”.

A diretoria e comissão técnica do Goytacaz teve alguns minutos de aprendizado. Entre outras afirmações, fez questão de já com a camisa alvianil no corpo dizer: “O Goytacaz é meu sangue”.
Amarildo deu algumas orientações e principalmente fez um apelo a diretoria para ter um olhar voltado para os jovens talentos.

ENTREVISTA COM AMARILDO, O “POSSESSO”
Site Ururau – Há quanto tempo não pisava aqui no gramado do Goytacaz?
Amarildo – Desde de 1974 quando vim aqui jogar pelo Vasco, numa data inesquecível. Eu tinha saído do Goytacaz para ir para o Flamengo em 56 e só tinha retornado para fazer uma visita a cidade, onde fui homenageado, depois da Copa de 62. Foi uma bela data e o primeiro jogo como profissional contra o time onde iniciei minha carreira, o Goytacaz.

Site Ururau – E qual a sensação de estar novamente aqui neste gramado?

Amarildo – É uma recuperação de tudo aquilo que passei aqui nesse campo, onde jogava descalço e na categoria inferior não se usava chuteira. Naquela época a gente vinha treinar, voltava para casa e não via a hora de voltar para treinar, naquela rotina de um garoto de 12 anos que sonhava em ser um jogador de futebol. Vim para o clube com meu irmão Edinho que já treinava aqui. O que a gente vê hoje é que mudou muito a estrutura do clube e que pode melhorar ainda mais. O Goytacaz merece um tratamento mais especial e precisa resgatar a sua história.

Site Ururau – Percebemos que um dos pedidos feitos a diretoria foi a da atenção com a categoria de base. Entende também que esse é o melhor caminho?

Amarildo – Essa é a principal fonte do clube. Se tiver uma categoria de base sólida e bem estruturada, eu penso que essa é uma fonte que pode levar e manter o clube em certo nível, porque a categoria de base é o mais importante, e pode permitir um futuro já garantido com jogadores de qualidade e isso somente na categoria de base. O Goytacaz está na terceira divisão e que bom que esteja utilizando os jovens atletas, e quem sabe daí não vão surgir novos valores. Esses que precisam ser valorizados e passam a ter mais interesse e vínculo com o clube, que está dando a oportunidade a cada um deles. O futuro deles depende deles. Os empresários estão em todos os lugares e a dedicação tem que ser permanente, independente de onde e contra qual clube seja a partida.

Site Ururau – Está feliz em vestir a camisa alvianil?

Amarildo – É claro, eu sempre fui Goytacaz e nunca neguei e não vou negar nunca. Foi o clube que me projetou e me deu a oportunidade de ir para fora.

Site Ururau – Com se deu a saída do Goytacaz para o Flamengo?

Amarildo – Na ocasião foi um ex-jogador do Goytacaz, o Paulinho, ex-ponta direita, irmão do Roberto Peru, que jogava no Flamengo, foi quem me viu treinando e me levou pra lá. Tenho muito a agradecer a ele. Do Flamengo fui para o Botafogo, para a Itália e depois retornei para o Brasil, jogando no Vasco onde encerrei a carreira.

Site Ururau – A força que vem das arquibancadas é uma marca do clube.

Amarildo – O incentivo maior tem que ser dos torcedores que precisam comparecer nos momentos mais difíceis também, colaborando para que haja condições de manutenção. A presença é importante em todos os momentos, não só no bom momento, mas também nos mais difíceis, e a torcida do Goytacaz é um grande exemplo disso, para que se tenha a continuidade para o trabalho que está sendo feito.

Site Ururau – Tem vários jogadores retornando aos seus clubes de origem para um trabalho de marketing. 

Amarildo seria a peça chave para um projeto do Goytacaz?

Amarildo – Eu estou a disposição sempre e o que puder fazer, farei com o maior prazer. Eu sinto na pele, o Goytacaz é meu sangue. Foi a primeira camisa para qual torci foi o Goytacaz vem da minha família e é uma coisa que não tem explicação.

CAMPEÃO MUNDIAL EM 62 E CARREIRA ENCERRADA EM 1974

No Chile, em 1962, a seleção brasileira defendia o título mundial conquistado quatro anos antes na Suécia. Depois de um empate contra a antiga Tchecoslováquia, o técnico da seleção Aimoré Moreira entregou o colete de titular para Amarildo, de apenas 21 anos. Seu desempenho contra a Espanha poderia comprometer sua carreira. Mas o ponta esquerda do Botafogo conseguiu preencher o lugar do teoricamente insubstituível Pelé.

Jogando com garra, Amarildo conseguiu o que buscava, o gol. Foi o primeiro da seleção contra a Espanha depois de um bom passe de Zagallo. O placar também foi fechado com outro tento seu, de cabeça, classificando o Brasil para as quartas-de-final.

O “Possesso” também fez gol na final e chamou a atenção dos grandes clubes europeus. Na volta, deixou o Botafogo pelo italiano Milan. No velho continente, ele virou ídolo. Além do Milan, também jogou na Fiorentina e no Roma. Foram nove temporadas na Itália e um título nacional em 1969.
Na volta ao Brasil, ele sofreu uma cirurgia no joelho esquerdo. Jogando pelo Vasco, encerrou sua carreira em 1974.

Após a aposentadoria, “Possesso” iniciou a carreira como treinador. Depois de dirigir os jovens da Fiorentina, na Itália, foi comandar o Esperance, da Tunísia, onde ficou três anos. Também exerceu a função no Oriente Médio, incluindo um período de sete anos nos Emirados Árabes Unidos e de vários outros no Qatar. De volta ao Rio de Janeiro, ele teve rápida passagem pelo América-RJ em 2008. Amarildo trabalha atualmente em uma escolinha de futebol.

FICHA COMPLETA

Nome Completo: Amarildo Tavares da Silveira
Data de Nascimento: 29/07/1940 em Campos [RJ]
Posição: Atacante
Clubes:
- 1952-1957: Goytacaz
- 1958: Flamengo
- 1959-1963: Botafogo
- 1963-1967: Milan (Itália)
- 1967-1971: Fiorentina (Itália)
- 1971-1972: AS Roma (Itália)
- 1973-1974: Vasco

Títulos por equipe:
- Campeonato Carioca: 1961 e 1962 (Botafogo)
- Torneio Rio-São Paulo: 1962 (Botafogo)
- Copa do Mundo: 1962 (Seleção Brasileira)
- Campeonato Italiano: 1969 (Roma)
- Campeonato Brasileiro: 1974 (Vasco)
- Copa Oswaldo Cruz: 1961 e 1962 (Botafogo)
- Copa O’Higgins: 1961 (Botafogo)
- Copa Roca: 1963 (Seleção Brasileira)
* Jogos entre as seleções do Brasil e Argentina

Foram iniciadas no ano de 1913 e paralisadas em 1976, com previsão de voltar neste ano de 2011, assim como era disputado, em jogos de ida e volta.
Jogos pela Seleção Brasileira: 24 (nove gols)

ARTILHARIA:
Campeonato Carioca: 1961 (pelo Botafogo)
Torneio Rio-São Paulo: 1962 (pelo Botafogo)
*Do site do Ururau

Blog do Pudim

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