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terça-feira, 13 de julho de 2010

Órfãos de Bruno

Confira a postagem que o advogado e professor da Cândido Mendes postou em seu blog: http://blogdoclaudioandrade.blogspot.com


O goleiro Bruno, do Clube de Regatas do Flamengo, é acusado de ser o mandante do assassinato de uma mulher que supostamente teve um filho dele. Os dois se conheceram na residência de Adriano, ex-atacante do time da Gávea e acusado de associação ao tráfico por ter emprestado quantia vultosa a um amigo chefe de morro.

Até o presente momento, não há corpo e a polícia carioca e mineira baseiam-se no depoimento de um menor. A narrativa do infante fez com que Bruno, sua esposa e outros amigos fossem presos de forma preventiva por determinação da Justiça.

Além disso, a mídia nacional, dotada de uma compulsão alucinada, já tratou de condenar o arqueiro rubro-negro. Para o referido objetivo, contou com a ajuda do desastrado delegado de Minas que, quebrando todos os protocolos éticos necessários aos agentes públicos, rotulou Bruno como um "monstro". Fez Juízo de valor sem dever.

O que vem chamando a minha atenção são os depoimentos das crianças e adolescentes acerca da decepção com o ídolo. Goleiro de uma das maiores torcidas do Brasil, Bruno habitava o imaginário de milhares de jovens que, fanáticos pelo futebol, viram no mineiro da terra de Juscelino, um exemplo a ser seguido.

Quantos pais, 'entorpecidos' por um título, homenagearam o possível mandante de assassinato, nas certidões de nascimento de seus filhos? Quantas mães abraçaram seus filhos, quando os mesmos comemoravam uma defesa na escolinha do clube, aos gritos de Bruno, Bruno ....?

Quantos fãs viajaram milhares de quilômetros para assistir ao treino de seu ídolo? Entretanto, pelo andar dos fatos, o capitão do atual campeão nacional optou pelo caminho mais trágico.

Como profissional do Direito, não posso ser irresponsável ao ponto de garantir culpabilidade, nem mesmo condenação para Bruno. O próprio depoimento do jovem é passível de nulidade.

Vivemos em um Regime Democrático de Direito, no qual prevalecem certos princípios, como a presunção de inocência, o contraditório e a ampla defesa.

Todavia, a mácula já é eterna, haja vista que a sua estrela se apagou e deu lugar, de forma instantânea, a uma escuridão ferrenha que nem mesmo uma improvável inocência será capaz de desfazer.

A única certeza é cruel. Caso o exame pericial de DNA comprove a paternidade, Bruno vai deixar três filhos que, dentro de suas realidades, sofrerão a ausência da fundamental figura paterna biológica.

São os órfãos de Bruno.

Cláudio Andrade

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