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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

PMDB monta 'blocão' e aumenta pressão sobre petistas na formação do governo

"Tudo bem. Líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, depois da reunião com a bancada do partido"



Em uma manobra política deflagrada de surpresa, o PMDB formou um megabloco de deputados na Câmara com outros quatro partidos da base aliada e conseguiu, ao mesmo tempo, deixar a futura presidente Dilma Rousseff refém do interesse desses partidos na formação do ministério e isolar o PT na disputa por cargos no Legislativo.



Juntos, PMDB, PP, PR, PTB e PSC vão somar no próximo ano 202 deputados, 55 a menos do que a maioria absoluta dos 513 parlamentares da Casa. Com esse número de parlamentares liderados pelo PMDB, Dilma terá, obrigatoriamente, de negociar com o 'blocão' para conseguir aprovar projetos de seu interesse e reformas constitucionais.


A formação do bloco à revelia do PT, principal aliado do PMDB, foi anunciado pelos líderes na tarde de ontem. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, sequer foi avisado da decisão pelo presidente do PMDB e vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), com quem almoçava enquanto os líderes dos cinco partidos fechavam o compromisso do 'blocão' no Congresso. Temer não tocou no assunto, segundo relato de petistas surpresos com o 'golpe' do PMDB.


A nova formação ameaça as pretensões do PT de ocupar a presidência da Câmara e adotar o revezamento na presidência do Senado com o PMDB.


Mesmo na hipótese de formar bloco com o PSB, o PDT e o PC do B, também da base, os petistas terão uma bancada de 165 deputados, insuficiente para enfrentar o megabloco na disputa e para garantir a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), atualmente nas mãos do PMDB, por onde passam todos os projetos e as propostas de emendas constitucionais.


'Jogo arrumado'. A intenção dos partidos foi externada pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). 'Queremos mostrar a Dilma o jogo arrumado. Uma coisa é pegar o tabuleiro organizado e outra é deixar a coisa solta, embaralhada. Ninguém quer ser surpreendido com um xeque-mate. Com o xeque-mate (o partido) faz o quê, sai do jogo?!'.


O líder peemedebista reafirmou o desejo de a legenda manter o mesmo tamanho que ocupa hoje no primeiro escalão. O partido comanda os ministérios de Minas e Energia, Comunicações, Integração Nacional, Saúde, Agricultura e Defesa. 'Cada dia a gente escuta que (Antonio) Palocci vai para as Comunicações, que (ministro Alexandre) Padilha vai para a Saúde. Só mexem com os nossos! Queremos evitar problemas para Dilma. Estão atirando nos outros e dificultando para ela', disse Henrique Alves.


Os líderes desses partidos assumiram compromisso de atuarem para defenderem seus interesses na formação do governo. O PMDB, além da cobiça por ministérios, joga o PT contra a parede na sucessão no Senado: ou o partido fica fora do jogo ou o bloco comandado por peemedebistas tenta eleger também o presidente da Câmara nos dois biênios.

'Não é para confrontar. É para organizar o trabalho nesta Casa e fora dela, na composição do governo', disse Henrique Alves.


O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que cobiça a presidência da Câmara, reagiu: 'É deselegante. Dilma não pode ser pressionada a ter um prato-feito. Não existe hipótese de a presidente ser tutelada por qualquer bloco.


O PP quer manter a indicação para o Ministério das Cidades e o PTB quer recuperar uma pasta. O PSC também deseja ser reconhecido. Para o 'blocão', cabe ao PT, com 17 pastas, ceder o lugar.

Estadão

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