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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Honduras, o golpe e o outro lado da moeda...

Artigo retirado do blog "A Trolha", de um importante blogueiro da planície goytacá, o "Xacal"



Desde o início, alertamos que os reducionismos não cumprem boa figura na análise da crise hondurenha...

Pois bem, como prova dessa premissa, li hoje, um artigo na respeitada The Economist, que até agora, traça um panorama mais próximo do que imagino ser a realidade daquele pequeno país...

Não que eu confira crédito absoluto a esse ou aquele veículo, nem seja ingênuo a ponto de desprezar as inflexões políticas de cada discurso, da The Economist ou da rede globo...

Mas talvez, nesse texto, esteja uma boa parte da explicação da dificuldade que a diplomacia brasileira enfrentará...

Antes que alguns idiotas se assanhem: não há dúvidas, em Honduras aconteceu um golpe...ponto...!

Na comunidade internacional, onde quer que se olhe, há um consenso absoluto que a normalidade constitucional e institucional em Honduras foi quebrada...

Só os extremistas de direita, o PIG local, e alguns neoudenistas, viúvas da octaéride fernandista, e outros poucos oportunistas, têm uma visão míope dessa História...Crêem, como fanáticos religiosos que Roberto Micheletti, presidente golpista, é um paladino, à serviço da democracia...

O artigo da The Economist cita um ponto, também, incontroverso: Micheletti e Zelaya são oriundos da mesma árvore genealógica política, representantes da oligarquia local, e talvez por isso, tamanha "reação" do golpistas ao que consideram uma traição: a inflexão de Zelaya a esquerda...Ou seja: para os "democratas golpistas", o presidente não poderia, NUNCA, mudar de lado, sob pena de perder o poder, custe o que custasse...E parece que custou...

Esse imbróglio assume, então, contornos de briga "pessoal", e por isso, grande são os entraves para a negociação, simplesmente, porque não há um debate político em torno da mesa, e sim, sentimentos pessoais, ressentimentos e outros interesses escusos...

Isso, por si, não desmerece a nossa missão diplomática por lá...Ao contrário, a torna mais difícil, porém, muito mais delicada e importante...

A revista revela que apenas 25% dos hondurenhos apóiam, abertamente, o presidente Zelaya, e esse seria o motivo pelo qual Micheletti permaneça onde está...e talvez permaneça, definitivamente...

No entanto, ao contrário dessa conjuntura permitir raciocínios simplistas, do tipo: "viu, Zelaya não tem apoio popular, o "povo" está contra ele, e seus desmandos"...

Não é tão raso e ralo assim...Se o povo não o apóia: que fale isso nas urnas, quer seja em referendos ou eleições...Sem golpes...

Que o Brasil ajude o povo hondurenho a reestabelecer sua Democracia, e que através dela(a Democracia) possam dizer qual presidente querem...Pelo voto, não pelo fuzil...

Mas o desespero golpista de nossa mídia, e de seus "leitores esclarecidos", muito menos o arroubo "revolucionário dos zelaystas ajudarão na solução dessa crise...

PS: esse texto é fruto de minha curiosidade: se Zelaya tem apoio popular amplo, como esse apoio não o restituiu, como Chávez, na Venezuela...? mas isso, como disse, não torna mais fácil o entendimento da situação, como dissemos...Ao contrário, preservar mandatos impopulares é uma causa mais cara à Democracia...É aí que ela deve funcionar melhor...

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