Do Portal R7 (aqui)
O vazamento de óleo na bacia de
Campos, no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro, provocou uma
mancha de 162 km² no mar, o equivalente a metade da baía de Guanabara.
Essa situação preocupa ambientalistas, que alertam para o risco de morte
dos animais.
Segundo a Chevron, a
mancha, localizada a cerca de 120 km do litoral de Campos, está se
afastando da costa na direção Sudeste, ou seja, em direção ao continente
africano. O volume de óleo acumulado na área é de 521 a 882 barris -
até 140 mil litros.
De acordo com
Aristides Sofiati, da UFF (Universidade Federal Fluminense) em Campos
dos Goytacazes, o acidente serve de alerta para os riscos da corrida
pelo pré-sal. Nesta quarta-feira (16), ele disse temer que a ansiedade
com a grande quantidade de poços de petróleo na região faça com que as
empresas fiquem menos atentas a segurança nas escavações.
O
biólogo Mário Moscatelli, do Rio de Janeiro, acrescenta que a tragédia
ambiental também mostra a importância do Estado do Rio de Janeiro
receber um percentual maior no pagamento dos royalties do petróleo.
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Se a mancha chegar nas praias de Macaé, quem vai ter que arcar com a
recuperação do litoral não vai ser o governo dos Estados do Norte ou
Nordeste do país, mas os governos do Rio de Janeiro e de Macaé.
Moscatelli questiona ainda a falta de informações de órgãos oficiais sobre o acidente.
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Apenas a empresa responsável está divulgando as informações sobre o
vazamento. É preciso ter o outro lado. Será que o vazamento é mesmo do
tamanho que os responsáveis dizem que é? Os técnicos do Ibama (Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais) já estiveram no local?
A
assessoria de imprensa do Ibama informou que os técnicos foram ao
acidente e que acompanham todo o processo. Na tarde desta quarta-feira,
eles se reuniram para avaliar o andamento dos trabalhos.
A
multinacional americana Chevron, responsável pelo campo do Frade,
situado a 370 km a nordeste da costa do Rio, e pelo combate ao
vazamento, informou que a situação está
controlada e que não há indícios de fluxos de fluido no poço. Mesmo assim vai continuar monitorando a região, até a chamada selagem.
A empresa assegurou que o trabalho foi mantido nesta quarta-feira, apesar do mau tempo que atinge o litoral fluminense.
Contaminação
O vazamento do poçojá contaminou toda a área, diz Sofiati. Ele lamenta que esses reflexos serão sentidos por muito tempo.
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A área vai ficar marcada, independentemente do sucesso dos trabalhos de
limpeza da empresa. Toda a cadeia alimentar está comprometida. Os
animais que não morrerem em consequência direta do contato com o óleo,
irão morrer de fome ou procurar alimento em outra área, deixando a
região morta.
Moscatelli lembra que as baleias vão ser as principais vítimas.
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Elas estão em período de migração para o Sul do país e, se a mancha de
óleo estiver no caminho, podem adoecer com o contato ou ficar
desorientadas. De qualquer maneira, elas serão afetadas.
No
caso do vazamento no golfo do México, em julho do ano passado, além da
quantidade de óleo ser maior, a substância ficou confinada dentro do
golfo. Na baía de Campos, o vazamento foi em mar aberto, onde o óleo
pode ser espalhar conforme a força e direção do vento e das correntes.
O vazamento foi
descoberto
na noite da última quarta-feira (8). De acordo com a empresa, ele teria
sido causado por uma rachadura no solo. Além da tentativa de tapar o
buraco com lama pesada e cimento, boias de contenção tentam impedir o
deslocamento da mancha e absorver o óleo.