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quarta-feira, 19 de maio de 2010

COPA DO MUNDO DE 1978

Argentinos conquistam o título dentro de casa

FIFA
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Campeão Copa do Mundo 1978
A Copa do Mundo FIFA de 1978 foi a 11ª Copa do Mundo disputada, e contou com a participação de 16 países. 97 países participaram das eliminatórias. O campeonato ocorreu na Argentina.

Foi uma copa cercada de polêmicas. Muito se deve ao clima político vivido na Argentina. O país vivia uma brutal ditadura imposta pelos militares, que viram na organização do torneio a oportunidade ideal para popularizar o regime e provomover a distração nacional dos problemas políticos e econômicos. Uma autêntica política de "pão e circo".

O super craque neerlandês Johan Cruijff se recusou a jogar a Copa de 78 como forma de protesto contra o regime militar. A organização também apresentou muitas falhas. Os estádios ficaram em alguns lugares prontos na última hora, e por isso, o gramado recém-plantado, começou a se soltar sob os pés dos jogadores.

Sem dizer que a Argentina sediou quase todos os seus jogos em Buenos Aires, enquanto os principais rivais faziam um "tour" pelo país, se desgastando com longas viagens.

No grupo da Argentina, a Itália roubou a cena e venceu os 03 jogos da primeira fase. Com um gol de Betega, despachou os donos da casa, 1 x 0. Era a geração de Paolo Rossi, Conti, Schirea começando a brilhar. A Argentina venceu a Hungria e a França, ambas por 2 x 1 e ficou com a segunda vaga. O time francês, excelente, não levou sorte e acabou eliminado. Craques como Rocheteau, Platini, Tiganá e Six, brilhariam mais quatro anos depois (Marques, Armando - 2002 - "Todas as Copas do Mundo").

No grupo do Brasil outro drama pós-74. A seleção canarinho perdida em meio aos malabarismos táticos do técnico Cláudio Coutinho não se encontrava. O time era inseguro, apático e sem imaginação. Tínhamos dois jogadores da mais nobre linhagem de camisas 10, Zico e Rivelino, e nenhum brilhou. No primeiro jogo o Brasil empatou com a Suécia, 1 x 1. Neste jogo uma curiosidade. Último lance do jogo. Escanteio a favor do Brasil, bola centrada na área e gol de Zico de cabeça. Só que o juiz encerrou o jogo com a bola no ar, após a batida do corner. O Brasil ainda empatou com a Espanha em 0 x 0. E só se classificou ao vencer a Áustria no terceiro jogo, 1 x 0, gol de Roberto Dinamite. A Áustria que venceu os dois primeiros jogos ficou com a outra vaga.

Os Países Baixos, sem Johan Cruijff, não eram os mesmos e tiverem dificuldades em se classificar. Venceu o fraco Irã por 3 a 0, depois empatou com o Peru 0 a 0 e perdeu da Escócia por 3 a 2. O Peru foi a grande sensação do grupo, com seu futebol clássico e técnico, que tinha Teófilo Cubillas como seu principal artífice. Venceu, ainda na primeira fase, a Escócia por 3 a 1 e goleou o Irã por 4 a 1.

Alemanha Ocidental e Polônia dividiram as vagas de seu grupo entre si sem maiores dificuldades. Estavam na segunda fase, grupo A - Argentina, Peru, Brasil e Polônia e no grupo B - Alemanha, Itália, Países Baixos e Áustria.

Na segunda Fase os neerlandeses embalaram. Golearam implacavelmente a Áustria, 5 x 1. Empataram com a Alemanha Ocidental em 2 x 2 e ganharam da favorita Itália 2 x 1, conseguindo uma vaga para a final.

No grupo de Brasil e Argentina o maior escândalo de todas as copas. O Brasil se recuperou da apatia da 1ª fase e venceu a forte seleção peruana por 3 x 1. A Argentina passou pela Polônia por 2 x 0. Em Rosário, Brasil e Argentina duelaram, 0 x 0. Um jogo nervoso, tenso, onde Coutinho escalou o jogador Chicão nítidamente para intimidar os argentinos com seu jogo duro e de marcação. Mas o placar de empate seria fatal para o Brasil. 

Na última rodada o Brasil venceu de forma brilhante a Polônia por 3 x 1. Com este resultado só restava à Argentina vencer o Peru por 4 gols de diferença! Uma vantagem imperdível, afinal, desde que Menoti se tornara técnico da Argentina a seleção alvi-celeste jamais havia vencido um jogo por mais de 3 gols. Porém o Peru, entrou em campo passeando, abriu mão do direito de jogar, e levou um vareio de 6 x 0. Frise-se que o goleiro peruano era argentino de nascimento, Quiroga, e que falhou bisonhamente em vários gols. Porém nada ainda foi provado, e cabe aos argentinos sempre o benefício da dúvida. Afinal, ninguém pode duvidar de uma seleção que contava com Passarela, Kempes, Fillol, e que ainda abriu mão de Maradona. 

Também não se pode negar que todos os fatos de repercussão mundial sempre são cercados de "teorias da conspiração" que nunca são provadas, como a morte de Kennedy, de Elvis Presley, a chegada do homem à lua, etc.

Ao Brasil restou vencer a Itália na decisão de 3º lugar com um golaço de Nelinho, onde a bola fez uma curva improvável e surpreendeu o super goleiro Dino Zoff.

Na grande final, Estádio Monumental super lotado. Milhões de papéis picados e bandeiras alvi-celestes. O jogo é duro. A Argentina pressiona e Kempes abre o placar. Os Países Baixos empatam num belíssimo gol de cabeça. Aos 45 do segundo tempo bola na trave portenha. Prorrogação: a Argentina atropela a laranja mecânica, e vinga a derrota de 4 x 0 sofrida em 74. Final Argentina 3 x 1 Países Baixos. Ainda que sob suspeita não dá para dizer que a Argentina não mereceu.

Cláudio Coutinho aprontou mais uma e utilizou um malabarismo linguístico já que os táticos não funcionaram: "O Brasil foi o campeão moral deste certame". Só que o real, foi a Argentina!

Curiosidades

Foi a última Copa em que 16 seleções participariam da fase final. A partir do Mundial da Espanha em 1982 seriam 24 seleções.

O Brasil utilizou dezessete dos 22 jogadores inscritos. Apenas quatro disputaram todos os jogos completos: Leão, Oscar, Amaral e Batista.

Para disputar suas sete partidas, o Brasil percorreu 4659 quilômetros pela Argentina. Já a Argentina percorreu apenas 618 quilômetros.

Seleção francesa tentou sem êxito, boicotar a sua ida a Copa em resposta ao assassinato de freiras francesas por parte do Regime Militar.

Na decisão entre as seleções da Argentina x Holanda,um torcedor argentino de 49 anos sofreu um ataque cardíaco no momento em que atacante neerlandês Rob Resenbrink carimbava fortemente a trave do goleiro argentino Fillol, porém foi socorrido a tempo de festejar a conquista inédita do título.

Os holandeses viraram de costas para o sanguinário ditador Jorge Rafael Videla na hora de receberem as suas medalhas de prata.
Esta Copa protagonizou o segundo escâdalo de doping da história do torneio. O meia escocês Johnstone foi flagrado nos exames antidoping na partida em que sua seleção foi derrotada pelo Peru por 3x1. Johnstone, após o anúncio do doping, e de seu desligamento da delegação, fez as malas, e voltou para casa mais cedo. Depois do episódio, ele nunca mais foi convocado pela Escócia em competições internacionais.

No jogo Brasil e Suécia na 1ª fase, o jogo estava empatado em 1x1 até os acréscimos no final da partida, quando houve um escanteio a favor do Brasil. Quando o escanteio foi cobrado, o meia brasileiro Zico subiu de cabeça, e marcou o que seria o gol da vitória brasileira. Estranhamente, o juiz galês Clive Thomas encerrou o jogo, para desespero do time brasileiro. Sua alegação foi que ele terminara o jogo com a bola no ar. O time brasileiro entrou com duas representações contra o juiz na Comissão de Arbitragem e no Comitê Disciplinar da FIFA. O juiz foi afastado, e nunca mais apitaria na Copa.

Eliminadas na primeira fase, as seleções da França e da Hungria proporcionaram um verdadeiro papelão, sendo que a França, em protesto contra as más arbitragens, entrou também de camisa branca, pois a mesma estava sorteada para os húngaros, o árbitro do jogo, o brasileiro Arnaldo César Coelho, se recusava a começar a partida, enquanto a questão dos uniformes não estivesse resolvida, os jogadores da França acabaram sendo obrigados a jogarem com uniformes verdes listrado de branco, cedidos as pressas por um time amador, o Kimberley, os franceses venceram por 3x1.

O jornal inglês Sunday Times denunciou que os argentinos estavam fraudando os testes antidoping. Diziam que a urina para os exames após cada partida não era fornecida pelos jogadores, que inferiam fortes doses de anfetaminas. Um homem teria sido contratado só para urinar.

O jogador Rob Resenbrink da seleção neerlandesa, marcou o gol 1000 da história da Copa do Mundo, convertendo um penalti, no jogo Escócia 3x2 Países Baixos.

A seleção da Tunísia tornou-se a primeira seleção africana a ganhar uma partida de Copa do Mundo, batendo o México por 3x1.
A Tunísia conseguiu ainda um empate em 0x0 com a Alemanha Ocidental, então campeã do mundo.

O Brasil se autoproclamou "campeão moral" por ter sido a única seleção invicta da Copa e porque o goleiro do Peru, Quiroga, teria facilitado a partida contra a Argentina. A Argentina precisava ganhar de uma diferença superior a quatro gols. Ganhou de 6 a 0. Entretanto, Quiroga nasceu na Argentina e naturalizou-se peruano.

Atendendo a pedidos das emissoras de TV argentinas que alegaram estarem se adaptando a era do canal a cores, novidade da época na vizinha Argentina, a FIFA repentinamente alterou o horário dos jogos decisivos do Grupo B das semifinais da Copa de 1978: sendo que o jogo Brasil x Polônia seria disputado no horário vespertino, e o jogo Argentina x Peru no horário noturno, o selecionado argentino entrou em campo praticamente com o resultado na mão.

Fernando Rodríguez Mondragón, filho de um chefe do tráfico de drogas Colombiano, declarou em 2007 à Rádio Caracol (Colômbia) que o desarticulado cartel de Cáli subornou a seleção do Peru, com uma cifra não revelada, para que deixasse a seleção da Argentina ganhar o decisivo jogo da segunda fase. A Argentina se classificou tendo os mesmos pontos que o Brasil, mas com melhor saldo de gols.

Foi a única edição da Copa que o Brasil terminou sem ser derrotado e não foi campeão.

Houve rumores de que a Ditadura Militar argentina desejava o título a todo custo, o que segundo algumas pessoas, explicaria boa parte dos episódios estranhos ocorridos durante a Copa. A comemoração da imensa torcida argentina pela vitória de 6x0 sobre o Peru serviu para acabar com os protestos das Mães da Praça de Maio, que buscavam informações dos filhos desaparecidos, pois os mesmos haviam feito vários protestos contra o governo militar do país.

Final:
Argentina 3x1 Holanda

Eliminatórias: 106 seleções
Classificados automaticamente: Alemanha Ocidental (último campeão) e Argentina (país-sede)
Sede: Argentina 
Campeão: Argentina - 1º título
Jogos: 38
Gols: 102
Média de gols: 2,68
Público: 1.610.215
Média de público: 42.374
Artilheiros: Mario Kempes (Argentina) - 6 gols

O Brasil na Copa de 1978 na Argentina: 3º lugar
7 jogos | 4 vitórias e 3 empates | 10 gols a favor e 3 gols sofridos | saldo de gols +7.

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