"O jornalista Merval Pereira na sua coluna de hoje (07/01), em O Globo comete vários equívocos, que merecem meus comentários. Vamos a eles. Em primeiro lugar é bom ressaltar, que na eleição de 2006, onde Geraldo Alckmin perdeu para Lula no 2º turno, um dos poucos estados onde o candidato tucano conseguiu manter a votação obtida no 1º turno foi o Estado do Rio.
Em Minas Gerais, por exemplo, estado do tucano Aécio Neves, Alckmin teve quase 1 milhão de votos a menos no 2º turno, em relação ao 1º. E foi assim em quase todos os estados do Brasil.
Tentar atribuir a derrota de Alckmin no 2º turno, a uma fotografia tirada por ele, comigo e com a governadora Rosinha é no mínimo desonestidade intelectual, já que o colunista deve saber muito bem analisar o resultado da eleição e o erro da estratégia adotada por Alckmin no 2º turno, que foi cair na polêmica engendrada pelo PT sobre a privatização da PETROBRAS, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Isso arrebentou a candidatura de Alckmin nos setores que temiam que seu governo aprofundasse as privatizações feitas por Fernando Henrique. Todas as pesquisas qualitativas da época mostraram isso.
Outro ponto importante foi o terror espalhado através das redes sociais do PT dizendo que Alckmin acabaria com o Bolsa-Família. O candidato não soube dar uma resposta adequada a esses dois temas e se destruiu.
Além disso, minha participação na sua campanha no 2º turno limitou-se à foto, já que pressionado por seus aliados no Rio não fez nenhuma agenda comigo ou com Rosinha. Ainda assim repito: basta conferir os dados da última eleição para ver que o Estado do Rio foi um dos poucos estados, onde a sua votação não diminuiu em relação ao 1º turno.
Outro equívoco de Merval Pereira é dizer que Sérgio Cabral é o grande favorito da eleição. Cabral tem nas pesquisas em torno de 34% a 36% e eu, ainda sem decidir se sou candidato, tenho de 24% a 26%. Não sei como algum analista pode considerar alguém franco favorito com uma diferença tão pequena faltando quase um ano para a eleição.
Além disso, basta entender um pouquinho de pesquisas para ver o que aconteceu nos últimos oito meses. Cabral permanece estacionado no mesmo patamar de 34 a 36%. Eu subi de 12% para entre 24% e 26% e em qualquer pesquisa eu já estou na frente do atual governador em várias regiões do estado.
O terceiro equívoco, ao comentar um encontro meu com o ex-prefeito Cesar Maia é achar que adversários políticos não podem mudar de posição ou conversar. Sérgio Cabral e Eduardo Paes sempre foram opositores de Lula. Paes, inclusive chegou a dizer que o filho de Lula integrava uma quadrilha.
Diversos vídeos que ainda serão veiculados no momento adequado mostram Cabral chamando Lula de incompetente e despreparado, enquanto eu, em todas as campanhas exceto no 2º turno de 2006 estive ao lado de Lula. O resto da coluna é tudo papo furado para justificar o preconceito contra mim e a predileção das Organizações Globo pelo governador Sérgio Cabral."


Antony Garotinho
Ex-governador do Rio de Janeiro e presidente estadual do PR
Fonte-Jornal O Diário