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quinta-feira, 17 de junho de 2010

COPA DO MUNDO DE 1998

Uma tragédia para o Brasil mas a glória francesa

FIFA
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Eles foram bem melhores
A Copa do Mundo FIFA de 1998 foi, pela segunda vez na história do torneio, realizada na França. A Seleção Francesa de Futebol, após duas tentativas frustradas de chegar à fase final das Copas de 1990 e 1994, disputaria o torneio sob desconfiança, mesmo jogando em casa, e sagrou-se pela primeira vez campeã mundial, ao vencer a Seleção Brasileira de Futebol por 3 a 0 na final.

O torneio
A fase inicial da competição teve sua fórmula modificada em relação à edição anterior. Enquanto 24 equipes divididas em 6 grupos competiram em 1994, 32 seleções divididas em 8 grupos disputaram o último certame do século XX. Apenas o campeão e o vice de cada grupo se classificavam para a segunda fase, em oposição a torneios predecessores onde alguns terceiros colocados também garantiam vaga na fase final. A fase final não se alterou: os 16 classificados se reúnem em oitavas-de-final e jogam o mata-mata.

No Grupo A, o Brasil, um dos favoritos ao título, estava acompanhado por Escócia, Marrocos e Noruega, equipes de nível mais limitado. O time mesclava a experiência de Dunga e Taffarel com alguns jovens talentos, como Roberto Carlos, Rivaldo e Ronaldo "Fenômeno", e acabou se classificando em primeiro lugar no grupo, mesmo após uma derrota contra a Noruega, que ficou em segundo lugar no grupo.

No equilibrado Grupo B, a Itália, vice-campeã da última edição, confirmou o favoritismo e classificou-se na última rodada após um empate com o Chile. A combinação de resultados garantiu aos sul-americanos a segunda colocação. Áustria (retornando oito anos após o Mundial de 1990) e Camarões não tiveram sucesso. No grupo C estava a França, dona da casa. O time de Zidane, Barthez e Deschamps avançou em primeiro no grupo, enquanto a Dinamarca, liderada pelos irmãos Michael e Brian Laudrup ficou com a outra vaga. A África do Sul, estreante em Copas, despediu-se de forma decepcionante, e a Arábia Saudita não conseguiu repetir o sucesso de 1994, não conquistando sequer uma vitória.

No Grupo D, a favorita Espanha, formada principalmente por jogadores do Real Madrid, amargou a desclassificação já na primeira fase. A Bulgária, na despedida de Hristo Stoichkov, também decepcionou os especialistas, ficando na última colocação. O destaque positivo ficou para Nigéria e Paraguai (retornando a uma Copa após 12 anos sem disputar o torneio), que classificaram-se de forma surpreendente para as oitavas-de-final. Já a Holanda e o México classificaram-se no disputado Grupo E, enquanto Coreia do Sul e Bélgica não conseguiram passar de fase.

O Grupo F representava um tom político na Copa. Irã e Estados Unidos, rivais no campo diplomático, fizeram uma disputa leal em campo, mas nenhuma das duas seleções garantiu a classificação. As vagas ficaram com Alemanha e Iugoslávia, que empataram e venceram os dois adversários. No Grupo G, holofotes para a Inglaterra e seus dois jovens jogadores, David Beckham e Michael Owen. Em campo, a classificação se deu no segundo lugar, atrás da Romênia de Gheorghe Hagi. A Colômbia e a Tunísia (voltando após vinte anos após sua última participação) foram eliminadas.

No Grupo H, a Argentina, dirigida por Daniel Passarella, venceu suas três partidas e garantiu a classificação para as oitavas-de-final. A Croácia, liderada por Davor Šuker, ficou com a segunda vaga, enquanto o Japão e a Jamaica, ambos estreantes em Copas, não classificaram-se.

Nas oitavas-de-final, a Argentina classificou-se nos pênaltis após um empate no tempo normal com a Inglaterra, em um jogo que ficou marcado pela expulsão de Beckham, irritado pelas provocações de Diego Simeone. O Brasil também passou de fase após uma goleada sobre o Chile, com dois gols de Ronaldo. Em uma partida empolgante, a Croácia bateu a Romênia pelo placar simples. E os donos da casa só bateram o Paraguai no segundo tempo da prorrogação, com um gol de ouro do zagueiro Laurent Blanc. A Dinamarca, com um futebol envolvente, eliminou a Nigéria com uma goleada. Nas outras partidas, Itália, Holanda e Alemanha avançaram após difíceis vitórias contra Noruega, Iugoslávia e México, respectivamente.

Na fase seguinte, o Brasil reafirmou seu favoritismo após uma virada contra a Dinamarca. E a Itália amargou sua terceira eliminação consecutiva em pênaltis em uma Copa do Mundo, desta vez para a França. A Argentina foi derrotada num duelo de favoritos pela Holanda, graças a um belo gol de Bergkamp no fim do segundo tempo. Já a Croácia humilhou a Alemanha na maior goleada das quartas-de-final, tornando-se a grande sensação da edição.

Em Marselha, Holanda e Brasil mediram forças. Após empate no tempo normal, Taffarel defende dois pênaltis e torna-se um dos principais responsáveis pela classificação brasileira à final. Já em Saint-Denis, os anfitriões eliminaram a grande zebra do campeonato. A Croácia abriu o placar com Šuker, mas a França conquistou a classificação no fim da partida, com dois gols de Lilian Thuram, que nunca havia marcado com a camisa dos Bleus. Na disputa do terceiro lugar, a Croácia entrou para a história do futebol ao vencer a desmotivada equipe holandesa.

A final causa polêmica até hoje. A Seleção Brasileira entrou em campo apática após a convulsão de Ronaldo, que mesmo assim foi escalado por Zagallo. A França bateu o Brasil por 3 a 0, com uma grande atuação de Zidane, que marcou dois gols na decisão. Os Bleus garantiram, então, seu primeiro título mundial, após tentativas frustradas das gerações de Fontaine, Kopa e Platini.

Curiosidades

No Brasil, cinco emissoras de televisão aberta transmitiram o torneio: Rede Globo, SBT, Rede Bandeirantes, Rede Manchete e Rede Record - sendo que esta última teve que brigar na justiça para poder cobrir o evento. A Record não pôde ir aos estádios transmitir os jogos. Teve que fazer isso no International Broadcast Center, que ficou localizado em Paris.

Inconformado com a eliminação do Iraque nas Eliminatorias, o presidente da Federação Iraquiana de Futebol, Qusay Hussein, mandou os jogadores da equipe irem para o quartel do exército de seu pai, o ditador iraquiano Saddam Hussein. Ao entrarem, os jogadores foram surpreendidos com voz de prisão de soldados e em seguida foram torturados pelos mesmos. Na saída, Qusay disse: "Joguem melhor na próxima vez!". Qusay e seu irmão Uday (presidente do Comitê Olímpico Iraquiano) foram mortos em 2003 na Guerra do Iraque, enquanto que Saddam foi condenado a pena de morte e foi enforcado em Dezembro de 2006.

No jogo de abertura da Copa entre Brasil x Escócia, dois ilustres torcedores escocêses chamavam muita atenção com suas presenças no camarote do Stade de France: o ator Sean Connery e o cantor Rod Stewart.

A Noruega chamou o que é provavelmente a família mais completa da história dos mundiais: o meia Jostein Flo, remanescente da Copa do Mundo de 1994, foi à França com seu irmão Tore André Flo, atacante. Os irmãos Flo foram acompanhados por um primo, Håvard Flo, também atacante. Outros parentes presentes no mundial foram os irmãos gêmeos neerlandeses Frank e Ronald de Boer; os irmãos dinamarqueses Brian e Michael Laudrup; e os italianos Cesare e Paolo Maldini, respectivamente pai e filho.

No jogo entre Nigéria e Bulgária na primeira fase, o atacante nigeriano Nwankwo Kanu entrou no segundo tempo, e foi aplaudido pelo público e pelo time adversário. O motivo: dois anos antes, Kanu (herói dos nigerianos na semifinal entre seu país e o Brasil nas Olimpíadas de 1996) foi operado para corrigir um sopro no coração, ficando cerca de um ano sem jogar, e só voltou para disputar o Mundial após submeter-se a uma junta médica.

Dois jogadores da Dinamarca completaram 100 partidas por sua seleção durante a Copa: o goleiro Peter Schmeichel completou sua partida centenária na partida da primeira fase entre sua seleção e a Arábia Saudita, e o meia Michael Laudrup igualou a façanha no jogo seguinte contra a África do Sul.

Após derrotarem a Inglaterra na primeira fase do torneio, os jogadores da Romênia comemoraram a classificação para a segunda fase com todos os jogadores com os cabelos pintados de amarelo. Até o técnico Anghel Iordanescu "entrou na onda". A única exceção foi o goleiro Bogdan Stelea, que, por ser careca, não igualou o gesto de seus companheiros de time.

Romário, convocado para defender a seleção brasileira, foi cortado por conta de uma contusão. O Baixinho deu a palavra de que estaria recuperado ao fim da primeira fase, mas a comissão técnica preferiu manter o corte. O "baixinho" foi muito bem-recebido no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro pela torcida do Flamengo, seu clube na época. A torcida resolveu chamar Zico (coordenador técnico da seleção) de "traidor", fazendo com que a relação do "galinho" com a torcida (onde é considerado o maior ídolo) ficasse estremecida.

Esta final marcou história no Brasil. Muitos discutem a possibilidade do Brasil ter "vendido" a final desta Copa. Poucos sabem o que realmente aconteceu na madrugada anterior ao jogo desta final, ainda um mistério para os brasileiros.

Um norueguês e uma brasileira conseguiram a autorização da FIFA para se casarem no mesmo dia e no mesmo estádio do jogo entre Brasil x Noruega. O clima no Stade Vélodrome era de confraternização entres as torcidas das duas equipes devido ao casamento que ocorria no gramado.

Para testar os seus estádios, a França decidiu fazer um quadrangular amistoso um ano antes, o Torneio da França, que ainda teve a participação de Inglaterra, Brasil e Itália. O English Team conquistou o torneio, mesmo perdendo o último jogo para o Brasil (1x0, com gol de Romário) pois venceu França e Itália. A finalidade deste torneio amistoso - testar os campos do anfitrião da Copa - passaria a ser a da Copa das Confederações, torneio já existente à época, a partir da edição de 2005. Em 2001, o torneio já havia sido realizado nas sedes da Copa do Mundo de 2002, Coreia do Sul e Japão.

Daniel Passarella, técnico da Argentina na Copa de 1998, deixou Fernando Redondo e Claudio Caniggia de fora do torneio. Motivo: ele não queria nenhum atleta com cabelos longos na delegação. O artilheiro Gabriel Batistuta foi convocado, mas teve que cortar seus cabelos.

Muitos se falava de um conflito em campo no jogo entre Estados Unidos X Irã, duas nações políticamente inimigas. O então presidente americano Bill Clinton chegou a falar que essa partida poderia reaproximar os laços diplomáticos entre os dois países. Ao entrarem no gramado do Stade de Gerland em Lyon, as duas equipes se uniram para tirar fotos antes da partida começar.

Para esse mundial, a FIFA implantou novas regras. Entre as principais, a instituição da morte súbita (em que determina o fim da partida se uma equipe marcar um gol na prorrogação) a partir das Oitavas-de-final, o aumento do número de substituições (que passaram a ser três), incluindo a do goleiro e a utilização de uma placa, mostrada pelo juiz reserva, para indicar quantos minutos haverá de acréscimo ao fim de cada tempo. Apenas os dois melhores colocados de cada grupo avançavam.

Quatro nações faziam sua estréia em Copas do Mundo: África do Sul, Japão, Croácia e Jamaica. Japoneses, croatas e jamaicanos caíram no Grupo H, cujo cabeça de chave foi a bicampeã Argentina. A Croácia se classificou em segundo.

Três jogadores brasileiros participaram da Copa de 98 em três seleções diferentes: José Clayton (pela Tunísia), Luis Oliveira (representando a Bélgica) e Wagner Lopes (que atuou pelo Japão).
Na guerra dos fabricantes esportivos, a alemã Adidas ficou em primeiro lugar depois de uma disputa acirrada com a britânica Reebok. Esteve nos pés de 61 atletas, dez a mais que do que a segunda colocada. A italiana Lotto ficou em terceiro. A Copa também foi a primeira em que a americana Nike vestia algumas equipes.

Rigobert Song, zagueiro da Seleção Camaronesa, se tornou o primeiro jogador expulso em duas Copas seguidas: em 1994, foi expulso contra o Brasil, e em 1998, recebeu cartão vermelho na partida contra o Chile.

Além de Zagallo, outros treinadores brasileiros participaram do mundial com outras equipes: o tetracampeão Carlos Alberto Parreira (treinou a Arábia Saudita, mas acabou demitido), Paulo César Carpegiani (comandou o Paraguai) e René Simões (representando a Jamaica).

Devido a expulsão no jogo contra a Argentina, o inglês David Beckham foi responsabilizado pela torcida e imprensa pela eliminação inglesa no Mundial. No dia seguinte, os jornais ingleses não perdoaram: "Dez leões valentes e um moleque estúpido".

Quatro jogadores do Paraguai atuaram no futebol brasileiro na época: Catalino Rivarola (Grêmio), Francisco Arce (Palmeiras), Carlos Gamarra (Corinthians) e Julio César Enciso (Internacional).
A canção tema da Copa de 98 foi La Copa De La Vida, interpretada pelo cantor portorriquenho Ricky Martin.

A Inglaterra foi a campeã na competição entre países que mais cederam jogadores para a Copa. Dos 704 atletas do Mundial, 75 jogavam em campos ingleses. Espanha e Itália cederam 70 cada um e ficaram na segunda colocação.

A Seleção Colombiana de Futebol teve dois jogadores que atuavam no futebol brasileiro na época: Freddy Rincón (Corinthians) e Víctor Aristizábal (São Paulo). O atacante Faustino Asprilla (que depois jogaria no Brasil pelo Palmeiras e pelo Fluminense) não gostou de ter sido substituído no jogo contra a Romênia e foi excluído pelo técnico Hernán Darío Gómez.

Ao marcar um gol na vitória da Croácia por 3 a 1 sobre a Jamaica, Robert Prosinečki tornou-se o primeiro jogador a marcar gols por dois países oficialmente diferentes em Copas do Mundo - pois a FIFA desconsidera os alemães que marcaram gols tanto pela Alemanha Ocidental quanto pela Alemanha; aqueles que disputaram Copas por União Soviética e Rússia e pelas duas Iugoslávias não marcaram gols pelos dois países. Em 1990, jogando pela Iugoslávia, Prosinečki fez um dos gols da vitória por 4 a 1 sobre os Emirados Árabes.

Aconteceu um escândalo na venda de pacotes turísticos para a Copa: milhares de torcedores, de todas as partes do mundo, ficaram sem ingresso, mesmo tendo desembolsado dinheiro com antecedência.

No jogo entre Inglaterra x Argentina pelas Oitavas de Final, uma presença ilustre começou a ser focada pelas câmeras do mundo inteiro no Estádio Geoffroy Guichard, em Saint-Etienne. Era Mick Jagger, vocalista do Rolling Stones, torcendo para a Inglaterra.

O Stade De France, em Saint-Dennis, uma cidade da região metropolitana de Paris, virou elefante branco (abandonado), apesar do seu modernismo. O estádio de 80 mil lugares (para jogos de futebol), é pouco usado e um dos motivos alegados é o custo do aluguel, considerado caro demais pelos clubes de futebol de Paris. O estádio ainda costuma ser usado pela seleção francesa para amistosos e jogos de eliminatórias, e o local foi palco da final da Liga dos Campeões da UEFA em 2000 e 2006. O Stade de France também é usado para eventos extra-futebol, como apresentações musicais.

O dinamarquês Ebbe Sand foi o autor do gol mais rápido de um reserva na história das Copas. Apenas 16 segundos após entrar em campo, marcou um gol na vitória por 4 a 1 sobre a Nigéria.
O marroquino Said Belqola (já falecido) se tornou o primeiro árbitro do continente africano a apitar uma final de Copa do Mundo.

Após receber a Copa do Mundo das mãos do então presidente francês Jacques Chirac, o capitão Didier Deschamps se tornou o primeiro jogador a erguer a taça em cima da mesa onde estava a mesma. Muita gente acredita que Cafu criou o ato em 2002, mas Deschamps é considerado o verdadeiro autor do gesto.

Vários jogadores de desataque no cenário futebolístico mundial se despediram de suas seleções em 1998: Taffarel e Bebeto (Brasil), Jim Leighton (Escócia), Michael Konsel e Toni Polster (Áustria), François Omam-Biyik (Camarões), Giuseppe Bergomi (Itália), Trifon Ivanov, Borislav Mikhailov e Hristo Stoichkov (Bulgária), Andoni Zubizarreta (Espanha), Rashid Yekini, Augustine Eguavoen e Peter Rufai (Nigéria), Vital Borkelmans, Franky Van Der Elst, Enzo Scifo (Bélgica), Marcelino Bernal e Luis García (México), Andreas Köpke, Olaf Thon, Thomas Häßler e Jürgen Klinsmann (Alemanha), Tab Ramos, Alexi Lalas, Eric Wynalda e Marcelo Balboa (EUA), Carlos Valderrama (Colômbia) e Abel Balbo (Argentina).

Outros jogadores de expressão no mundo futebolístico ficaram de fora: Márcio Santos, Flávio Conceição, Mauro Silva e Zé Maria (Brasil), Ally McCoist e Paul McStay (Escócia), Marc-Vivien Foé (Camarões), Fabrizio Ravanelli (este fora convocado, mas cortado na véspera devido a uma forte pneumonia), Gianfranco Zola, Pierluigi Casiraghi e Antonio Benarrivo (Itália), Éric Cantona, Lionel Letizi e Ibrahim Ba (França), Andre Arendse (África do Sul), Romerito (chegou a ser convocado para um amistoso do Paraguai, mas ficou de fora da lista final), Josep Guardiola (Espanha), Matthias Sammer (era nome certo para a Copa pela Alemanha, mas se aposentou por causa de lesão no joelho), Albert Nađ (Iugoslávia), Ian Wright, Paul Gascoigne e Phil Neville (Inglaterra), Fernando Redondo, Claudio Caniggia e Juan Román Riquelme (Argentina), Kazu (Japão) e Alen Bokšić (Croácia).

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