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quinta-feira, 17 de junho de 2010

COPA DO MUNDO DE 1998

Uma tragédia para o Brasil mas a glória francesa

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Eles foram bem melhores
A Copa do Mundo FIFA de 1998 foi, pela segunda vez na história do torneio, realizada na França. A Seleção Francesa de Futebol, após duas tentativas frustradas de chegar à fase final das Copas de 1990 e 1994, disputaria o torneio sob desconfiança, mesmo jogando em casa, e sagrou-se pela primeira vez campeã mundial, ao vencer a Seleção Brasileira de Futebol por 3 a 0 na final.

O torneio
A fase inicial da competição teve sua fórmula modificada em relação à edição anterior. Enquanto 24 equipes divididas em 6 grupos competiram em 1994, 32 seleções divididas em 8 grupos disputaram o último certame do século XX. Apenas o campeão e o vice de cada grupo se classificavam para a segunda fase, em oposição a torneios predecessores onde alguns terceiros colocados também garantiam vaga na fase final. A fase final não se alterou: os 16 classificados se reúnem em oitavas-de-final e jogam o mata-mata.

No Grupo A, o Brasil, um dos favoritos ao título, estava acompanhado por Escócia, Marrocos e Noruega, equipes de nível mais limitado. O time mesclava a experiência de Dunga e Taffarel com alguns jovens talentos, como Roberto Carlos, Rivaldo e Ronaldo "Fenômeno", e acabou se classificando em primeiro lugar no grupo, mesmo após uma derrota contra a Noruega, que ficou em segundo lugar no grupo.

No equilibrado Grupo B, a Itália, vice-campeã da última edição, confirmou o favoritismo e classificou-se na última rodada após um empate com o Chile. A combinação de resultados garantiu aos sul-americanos a segunda colocação. Áustria (retornando oito anos após o Mundial de 1990) e Camarões não tiveram sucesso. No grupo C estava a França, dona da casa. O time de Zidane, Barthez e Deschamps avançou em primeiro no grupo, enquanto a Dinamarca, liderada pelos irmãos Michael e Brian Laudrup ficou com a outra vaga. A África do Sul, estreante em Copas, despediu-se de forma decepcionante, e a Arábia Saudita não conseguiu repetir o sucesso de 1994, não conquistando sequer uma vitória.

No Grupo D, a favorita Espanha, formada principalmente por jogadores do Real Madrid, amargou a desclassificação já na primeira fase. A Bulgária, na despedida de Hristo Stoichkov, também decepcionou os especialistas, ficando na última colocação. O destaque positivo ficou para Nigéria e Paraguai (retornando a uma Copa após 12 anos sem disputar o torneio), que classificaram-se de forma surpreendente para as oitavas-de-final. Já a Holanda e o México classificaram-se no disputado Grupo E, enquanto Coreia do Sul e Bélgica não conseguiram passar de fase.

O Grupo F representava um tom político na Copa. Irã e Estados Unidos, rivais no campo diplomático, fizeram uma disputa leal em campo, mas nenhuma das duas seleções garantiu a classificação. As vagas ficaram com Alemanha e Iugoslávia, que empataram e venceram os dois adversários. No Grupo G, holofotes para a Inglaterra e seus dois jovens jogadores, David Beckham e Michael Owen. Em campo, a classificação se deu no segundo lugar, atrás da Romênia de Gheorghe Hagi. A Colômbia e a Tunísia (voltando após vinte anos após sua última participação) foram eliminadas.

No Grupo H, a Argentina, dirigida por Daniel Passarella, venceu suas três partidas e garantiu a classificação para as oitavas-de-final. A Croácia, liderada por Davor Šuker, ficou com a segunda vaga, enquanto o Japão e a Jamaica, ambos estreantes em Copas, não classificaram-se.

Nas oitavas-de-final, a Argentina classificou-se nos pênaltis após um empate no tempo normal com a Inglaterra, em um jogo que ficou marcado pela expulsão de Beckham, irritado pelas provocações de Diego Simeone. O Brasil também passou de fase após uma goleada sobre o Chile, com dois gols de Ronaldo. Em uma partida empolgante, a Croácia bateu a Romênia pelo placar simples. E os donos da casa só bateram o Paraguai no segundo tempo da prorrogação, com um gol de ouro do zagueiro Laurent Blanc. A Dinamarca, com um futebol envolvente, eliminou a Nigéria com uma goleada. Nas outras partidas, Itália, Holanda e Alemanha avançaram após difíceis vitórias contra Noruega, Iugoslávia e México, respectivamente.

Na fase seguinte, o Brasil reafirmou seu favoritismo após uma virada contra a Dinamarca. E a Itália amargou sua terceira eliminação consecutiva em pênaltis em uma Copa do Mundo, desta vez para a França. A Argentina foi derrotada num duelo de favoritos pela Holanda, graças a um belo gol de Bergkamp no fim do segundo tempo. Já a Croácia humilhou a Alemanha na maior goleada das quartas-de-final, tornando-se a grande sensação da edição.

Em Marselha, Holanda e Brasil mediram forças. Após empate no tempo normal, Taffarel defende dois pênaltis e torna-se um dos principais responsáveis pela classificação brasileira à final. Já em Saint-Denis, os anfitriões eliminaram a grande zebra do campeonato. A Croácia abriu o placar com Šuker, mas a França conquistou a classificação no fim da partida, com dois gols de Lilian Thuram, que nunca havia marcado com a camisa dos Bleus. Na disputa do terceiro lugar, a Croácia entrou para a história do futebol ao vencer a desmotivada equipe holandesa.

A final causa polêmica até hoje. A Seleção Brasileira entrou em campo apática após a convulsão de Ronaldo, que mesmo assim foi escalado por Zagallo. A França bateu o Brasil por 3 a 0, com uma grande atuação de Zidane, que marcou dois gols na decisão. Os Bleus garantiram, então, seu primeiro título mundial, após tentativas frustradas das gerações de Fontaine, Kopa e Platini.

Curiosidades

No Brasil, cinco emissoras de televisão aberta transmitiram o torneio: Rede Globo, SBT, Rede Bandeirantes, Rede Manchete e Rede Record - sendo que esta última teve que brigar na justiça para poder cobrir o evento. A Record não pôde ir aos estádios transmitir os jogos. Teve que fazer isso no International Broadcast Center, que ficou localizado em Paris.

Inconformado com a eliminação do Iraque nas Eliminatorias, o presidente da Federação Iraquiana de Futebol, Qusay Hussein, mandou os jogadores da equipe irem para o quartel do exército de seu pai, o ditador iraquiano Saddam Hussein. Ao entrarem, os jogadores foram surpreendidos com voz de prisão de soldados e em seguida foram torturados pelos mesmos. Na saída, Qusay disse: "Joguem melhor na próxima vez!". Qusay e seu irmão Uday (presidente do Comitê Olímpico Iraquiano) foram mortos em 2003 na Guerra do Iraque, enquanto que Saddam foi condenado a pena de morte e foi enforcado em Dezembro de 2006.

No jogo de abertura da Copa entre Brasil x Escócia, dois ilustres torcedores escocêses chamavam muita atenção com suas presenças no camarote do Stade de France: o ator Sean Connery e o cantor Rod Stewart.

A Noruega chamou o que é provavelmente a família mais completa da história dos mundiais: o meia Jostein Flo, remanescente da Copa do Mundo de 1994, foi à França com seu irmão Tore André Flo, atacante. Os irmãos Flo foram acompanhados por um primo, Håvard Flo, também atacante. Outros parentes presentes no mundial foram os irmãos gêmeos neerlandeses Frank e Ronald de Boer; os irmãos dinamarqueses Brian e Michael Laudrup; e os italianos Cesare e Paolo Maldini, respectivamente pai e filho.

No jogo entre Nigéria e Bulgária na primeira fase, o atacante nigeriano Nwankwo Kanu entrou no segundo tempo, e foi aplaudido pelo público e pelo time adversário. O motivo: dois anos antes, Kanu (herói dos nigerianos na semifinal entre seu país e o Brasil nas Olimpíadas de 1996) foi operado para corrigir um sopro no coração, ficando cerca de um ano sem jogar, e só voltou para disputar o Mundial após submeter-se a uma junta médica.

Dois jogadores da Dinamarca completaram 100 partidas por sua seleção durante a Copa: o goleiro Peter Schmeichel completou sua partida centenária na partida da primeira fase entre sua seleção e a Arábia Saudita, e o meia Michael Laudrup igualou a façanha no jogo seguinte contra a África do Sul.

Após derrotarem a Inglaterra na primeira fase do torneio, os jogadores da Romênia comemoraram a classificação para a segunda fase com todos os jogadores com os cabelos pintados de amarelo. Até o técnico Anghel Iordanescu "entrou na onda". A única exceção foi o goleiro Bogdan Stelea, que, por ser careca, não igualou o gesto de seus companheiros de time.

Romário, convocado para defender a seleção brasileira, foi cortado por conta de uma contusão. O Baixinho deu a palavra de que estaria recuperado ao fim da primeira fase, mas a comissão técnica preferiu manter o corte. O "baixinho" foi muito bem-recebido no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro pela torcida do Flamengo, seu clube na época. A torcida resolveu chamar Zico (coordenador técnico da seleção) de "traidor", fazendo com que a relação do "galinho" com a torcida (onde é considerado o maior ídolo) ficasse estremecida.

Esta final marcou história no Brasil. Muitos discutem a possibilidade do Brasil ter "vendido" a final desta Copa. Poucos sabem o que realmente aconteceu na madrugada anterior ao jogo desta final, ainda um mistério para os brasileiros.

Um norueguês e uma brasileira conseguiram a autorização da FIFA para se casarem no mesmo dia e no mesmo estádio do jogo entre Brasil x Noruega. O clima no Stade Vélodrome era de confraternização entres as torcidas das duas equipes devido ao casamento que ocorria no gramado.

Para testar os seus estádios, a França decidiu fazer um quadrangular amistoso um ano antes, o Torneio da França, que ainda teve a participação de Inglaterra, Brasil e Itália. O English Team conquistou o torneio, mesmo perdendo o último jogo para o Brasil (1x0, com gol de Romário) pois venceu França e Itália. A finalidade deste torneio amistoso - testar os campos do anfitrião da Copa - passaria a ser a da Copa das Confederações, torneio já existente à época, a partir da edição de 2005. Em 2001, o torneio já havia sido realizado nas sedes da Copa do Mundo de 2002, Coreia do Sul e Japão.

Daniel Passarella, técnico da Argentina na Copa de 1998, deixou Fernando Redondo e Claudio Caniggia de fora do torneio. Motivo: ele não queria nenhum atleta com cabelos longos na delegação. O artilheiro Gabriel Batistuta foi convocado, mas teve que cortar seus cabelos.

Muitos se falava de um conflito em campo no jogo entre Estados Unidos X Irã, duas nações políticamente inimigas. O então presidente americano Bill Clinton chegou a falar que essa partida poderia reaproximar os laços diplomáticos entre os dois países. Ao entrarem no gramado do Stade de Gerland em Lyon, as duas equipes se uniram para tirar fotos antes da partida começar.

Para esse mundial, a FIFA implantou novas regras. Entre as principais, a instituição da morte súbita (em que determina o fim da partida se uma equipe marcar um gol na prorrogação) a partir das Oitavas-de-final, o aumento do número de substituições (que passaram a ser três), incluindo a do goleiro e a utilização de uma placa, mostrada pelo juiz reserva, para indicar quantos minutos haverá de acréscimo ao fim de cada tempo. Apenas os dois melhores colocados de cada grupo avançavam.

Quatro nações faziam sua estréia em Copas do Mundo: África do Sul, Japão, Croácia e Jamaica. Japoneses, croatas e jamaicanos caíram no Grupo H, cujo cabeça de chave foi a bicampeã Argentina. A Croácia se classificou em segundo.

Três jogadores brasileiros participaram da Copa de 98 em três seleções diferentes: José Clayton (pela Tunísia), Luis Oliveira (representando a Bélgica) e Wagner Lopes (que atuou pelo Japão).
Na guerra dos fabricantes esportivos, a alemã Adidas ficou em primeiro lugar depois de uma disputa acirrada com a britânica Reebok. Esteve nos pés de 61 atletas, dez a mais que do que a segunda colocada. A italiana Lotto ficou em terceiro. A Copa também foi a primeira em que a americana Nike vestia algumas equipes.

Rigobert Song, zagueiro da Seleção Camaronesa, se tornou o primeiro jogador expulso em duas Copas seguidas: em 1994, foi expulso contra o Brasil, e em 1998, recebeu cartão vermelho na partida contra o Chile.

Além de Zagallo, outros treinadores brasileiros participaram do mundial com outras equipes: o tetracampeão Carlos Alberto Parreira (treinou a Arábia Saudita, mas acabou demitido), Paulo César Carpegiani (comandou o Paraguai) e René Simões (representando a Jamaica).

Devido a expulsão no jogo contra a Argentina, o inglês David Beckham foi responsabilizado pela torcida e imprensa pela eliminação inglesa no Mundial. No dia seguinte, os jornais ingleses não perdoaram: "Dez leões valentes e um moleque estúpido".

Quatro jogadores do Paraguai atuaram no futebol brasileiro na época: Catalino Rivarola (Grêmio), Francisco Arce (Palmeiras), Carlos Gamarra (Corinthians) e Julio César Enciso (Internacional).
A canção tema da Copa de 98 foi La Copa De La Vida, interpretada pelo cantor portorriquenho Ricky Martin.

A Inglaterra foi a campeã na competição entre países que mais cederam jogadores para a Copa. Dos 704 atletas do Mundial, 75 jogavam em campos ingleses. Espanha e Itália cederam 70 cada um e ficaram na segunda colocação.

A Seleção Colombiana de Futebol teve dois jogadores que atuavam no futebol brasileiro na época: Freddy Rincón (Corinthians) e Víctor Aristizábal (São Paulo). O atacante Faustino Asprilla (que depois jogaria no Brasil pelo Palmeiras e pelo Fluminense) não gostou de ter sido substituído no jogo contra a Romênia e foi excluído pelo técnico Hernán Darío Gómez.

Ao marcar um gol na vitória da Croácia por 3 a 1 sobre a Jamaica, Robert Prosinečki tornou-se o primeiro jogador a marcar gols por dois países oficialmente diferentes em Copas do Mundo - pois a FIFA desconsidera os alemães que marcaram gols tanto pela Alemanha Ocidental quanto pela Alemanha; aqueles que disputaram Copas por União Soviética e Rússia e pelas duas Iugoslávias não marcaram gols pelos dois países. Em 1990, jogando pela Iugoslávia, Prosinečki fez um dos gols da vitória por 4 a 1 sobre os Emirados Árabes.

Aconteceu um escândalo na venda de pacotes turísticos para a Copa: milhares de torcedores, de todas as partes do mundo, ficaram sem ingresso, mesmo tendo desembolsado dinheiro com antecedência.

No jogo entre Inglaterra x Argentina pelas Oitavas de Final, uma presença ilustre começou a ser focada pelas câmeras do mundo inteiro no Estádio Geoffroy Guichard, em Saint-Etienne. Era Mick Jagger, vocalista do Rolling Stones, torcendo para a Inglaterra.

O Stade De France, em Saint-Dennis, uma cidade da região metropolitana de Paris, virou elefante branco (abandonado), apesar do seu modernismo. O estádio de 80 mil lugares (para jogos de futebol), é pouco usado e um dos motivos alegados é o custo do aluguel, considerado caro demais pelos clubes de futebol de Paris. O estádio ainda costuma ser usado pela seleção francesa para amistosos e jogos de eliminatórias, e o local foi palco da final da Liga dos Campeões da UEFA em 2000 e 2006. O Stade de France também é usado para eventos extra-futebol, como apresentações musicais.

O dinamarquês Ebbe Sand foi o autor do gol mais rápido de um reserva na história das Copas. Apenas 16 segundos após entrar em campo, marcou um gol na vitória por 4 a 1 sobre a Nigéria.
O marroquino Said Belqola (já falecido) se tornou o primeiro árbitro do continente africano a apitar uma final de Copa do Mundo.

Após receber a Copa do Mundo das mãos do então presidente francês Jacques Chirac, o capitão Didier Deschamps se tornou o primeiro jogador a erguer a taça em cima da mesa onde estava a mesma. Muita gente acredita que Cafu criou o ato em 2002, mas Deschamps é considerado o verdadeiro autor do gesto.

Vários jogadores de desataque no cenário futebolístico mundial se despediram de suas seleções em 1998: Taffarel e Bebeto (Brasil), Jim Leighton (Escócia), Michael Konsel e Toni Polster (Áustria), François Omam-Biyik (Camarões), Giuseppe Bergomi (Itália), Trifon Ivanov, Borislav Mikhailov e Hristo Stoichkov (Bulgária), Andoni Zubizarreta (Espanha), Rashid Yekini, Augustine Eguavoen e Peter Rufai (Nigéria), Vital Borkelmans, Franky Van Der Elst, Enzo Scifo (Bélgica), Marcelino Bernal e Luis García (México), Andreas Köpke, Olaf Thon, Thomas Häßler e Jürgen Klinsmann (Alemanha), Tab Ramos, Alexi Lalas, Eric Wynalda e Marcelo Balboa (EUA), Carlos Valderrama (Colômbia) e Abel Balbo (Argentina).

Outros jogadores de expressão no mundo futebolístico ficaram de fora: Márcio Santos, Flávio Conceição, Mauro Silva e Zé Maria (Brasil), Ally McCoist e Paul McStay (Escócia), Marc-Vivien Foé (Camarões), Fabrizio Ravanelli (este fora convocado, mas cortado na véspera devido a uma forte pneumonia), Gianfranco Zola, Pierluigi Casiraghi e Antonio Benarrivo (Itália), Éric Cantona, Lionel Letizi e Ibrahim Ba (França), Andre Arendse (África do Sul), Romerito (chegou a ser convocado para um amistoso do Paraguai, mas ficou de fora da lista final), Josep Guardiola (Espanha), Matthias Sammer (era nome certo para a Copa pela Alemanha, mas se aposentou por causa de lesão no joelho), Albert Nađ (Iugoslávia), Ian Wright, Paul Gascoigne e Phil Neville (Inglaterra), Fernando Redondo, Claudio Caniggia e Juan Román Riquelme (Argentina), Kazu (Japão) e Alen Bokšić (Croácia).

COPA DO MUNDO DE 1994

 Após 24 anos, o Brasil consegue o tetra

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Uma festa sem igual
A Copa do Mundo FIFA de 1994 foi sediada nos Estados Unidos, apesar da pouca tradição do futebol no país. A Copa de 1994 bateu todos os recordes de público, mantidos até hoje.

Com um futebol extremante eficiente e com um grupo muito unido liderado pelo polêmico craque Romário, a Seleção brasileira conquistou o quarto título mundial.

Foi uma copa de surpresas. A Bulgária que até ali em 6 participações anteriores jamais havia vencido um jogo de Copa do Mundo superou grandes favoritos, sendo a 1ª colocada em um grupo que tinha a Argentina, além de eliminar em um jogo emocionante a Alemanha, até então a Campeã mundial, por 2 a 1 nas quartas de final. Outra surpresa foi a Nigéria, com seu futebol ofensivo. Romênia e Suécia também surpreenderam. Os suecos ficaram com o 3º lugar ao derrotar a Bulgária por 4 a 0.

A Copa foi aberta no estádio Soldier Field, em Chicago, no dia 17 de Junho de 1994, com direito a performance da diva Diana Ross, que chutou para fora uma simbólica cobrança de pênalti. No mesmo dia, aconteceu o jogo de abertura entre a Alemanha (sua primeira Copa reunificada) contra a Bolívia. Os atuais campeões venceram o jogo por um magro 1x0, gol do atacante Jürgen Klinsmann. Nesse jogo, o craque boliviano Marco Etcheverry, que tinha tudo para se destacar, recebeu o primeiro cartão vermelho da Copa ao agredir um jogador alemão, fazendo jus ao apelido de "El Diablo". Os então campeões do mundo ainda empatariam em 1x1 com a Espanha e venceriam com dificuldades a Coreia do Sul por 3x2. Nas oitavas de final, uma heróica vitória de 3x2 sobre a Bélgica e nas quartas, os alemães foram derrotados pela Bulgária, de virada, por 2x1.

A Argentina, que tinha Gabriel Batistuta, Diego Simeone, Claudio Caniggia e Fernando Redondo, caiu prematuramente nas oitavas de final, diante da Romênia de Gheorghe Hagi, Florin Răducioiu e Gheorghe Popescu, por 3 a 2. O escândalo de doping do ídolo Maradona, expulso do mundial, foi supostamente decisivo para o desequilíbrio do time que vinha bem até então, entretanto, a seleção argentina só havia enfrentado times fracos, e Maradona só havia feito um gol, contra a inexpressiva Grécia, na vitória por 4x0, com um hat-trick de Batistuta.

Estreante em copas, a Arábia Saudita mostrou ao mundo do futebol a que veio no terceiro jogo contra a Bélgica. Após receber a bola do campo de sua equipe, Saeed Al-Owairan decidiu partir para cima dos belgas e após driblar meio time, tocou na saída do experiente goleiro Michel Preud'homme, considerado um dos melhores do mundo na época, marcando o mais belo gol do Mundial. Por causa do gol, Owairan ganhou de presente da família real saudita um Rolls Royce (carro mais luxuoso do mundo). Mas, no ano seguinte, ele praticou adultério, um crime muito grave em seu país. Owairan foi julgado, ficou um ano na cadeia e levou sessenta chibatadas (pena máxima nas leis islâmicas) em praça pública, mas retornou ao futebol e participou da Copa de 1998, sem muito sucesso.

País criador dos Jogos Olímpicos de Verão, a Grécia passou despercebida no mundial. Os seus jogos serviram apenas para treinar os adversários na primeira fase, pois nas três partidas que disputou, perdeu ambas e sequer balançou as redes.

A grande decepção da Copa foi a Colômbia. Credenciada por uma implacável goleada contra a Argentina por 5 a 0, pelas eliminatórias, em plena Buenos Aires, os colombianos chegaram aos EUA com status de favoritos. Só que perderam na estréia para a Romênia por 3 a 1 e perderam o rumo na competição. No jogo seguinte fizeram a festa dos anfitriões perdendo por 2 a 1. A solitária vitória sobre a Suíça por 2 a 0 só valeu para cumprir tabela e a seleção sul-americana voltou a sua realidade de equipe de porte médio, e ao retornar, foi muito ameaçada. O zagueiro Andrés Escobar (autor do único gol-contra no torneio) foi assassinado por um apostador que era membro do Cartel de Medellín. Os Estados Unidos, o país-sede do torneio, fizeram boa campanha, terminando atrás dos romenos e dos suíços. A campanha ianque no Grupo A foi a seguinte: empate por 1 a 1 contra a Suíça (o gol norte-americano foi marcado por Eric Wynalda, numa magnífica cobrança de falta), 2 a 1 sobre a Colômbia (gols de Earnie Stewart e Andrés Escobar, contra), num jogo marcado pela espetacular bicicleta dada pelo zagueiro Marcelo Balboa, onde a bola passou raspando o gol de Óscar Córdoba, e uma derrota de 1 a 0 para a Romênia.

Participando de sua primeira Copa, a Nigéria foi a esperança africana da Copa ao estrear com vitória aplicando 3 a 0 sobre a Bulgária. No primeiro gol marcado, o experiente Rashidi Yekini se agarrou á rede e chorou dentro dela, numa cena que correu o mundo. No segundo jogo, derrota de 2x1 para a Argentina, no último jogo de Maradona em Copas. Mas as "Super Águias" venceram a Grécia por 2 a 0 e se classificaram para as oitavas-de-Final. Nela, os nigerianos chegaram a abrir o placar com Emmanuel Amunike, mas a Itália empatou, com Roberto Baggio, levando a partida para a prorrogação. Nela, o próprio Baggio marcou de pênalti o gol da dramática vitória italiana.

Mesmo que o jogo entre Rússia e Camarões só tenha servido apenas para cumprir tabela, as duas equipes deixaram da Copa fazendo história com seus atacantes. O russo Oleg Salenko se tornou o primeiro (e único) jogador a marcar cinco gols em uma única partida de Copa do Mundo. Salenko terminou a Copa como artilheiro, ao lado de Hristo Stoichkov, com 6 gols marcados. O camaronês Roger Milla, aos 42 anos e 39 dias de idade, se tornou o jogador mais velho a marcar um gol em Copas. Camarões atravessava uma grave crise financeira, chegando ao ponto de cobrar para dar entrevista aos jornalistas entrangeiros. Aborrecidos com a derrota, a torcida camaronesa decidiu incendiar a casa do veteraníssimo goleiro Joseph-Antoine Bell, que se aposentou após o torneio. Os torcedores apontaram Bell como responsável pela frágil campanha camaronesa.

A Bulgária nunca havia feito uma campanha tão surpreendente como a de 1994. Liderada em campo pelo artilheiro Stoichkov (companheiro de Romário no ataque do Barcelona), a equipe estreou com derrota de 3 a 0 para a novata Nigéria, mas se redimiu ao derrotar a Grécia por 4 a 0 (primeira vitória búlgara em copas) e a Argentina por 2 a 0 na primeira fase. Nas oitavas, um jogo dramático contra o México, Após o empate em 1 a 1, os búlgaros venceram nos pênaltis por 3 a 1, graças as defesas do goleiro Borislav Mikhailov. Nas quartas-de-final, uma vitória emocionate sobre a então campeã Alemanha por 2x1. Mas na semifinal, derrota de 2 a 1 para a Itália e apesar de ter perdido de 4 a 0 para a Suécia na disputa pelo terceiro lugar, os jogadores búlgaros foram recebidos como heróis.

O Brasil, liderado por Romário, dirigido pela dupla Parreira-Zagallo, foi para a Copa de 94 desacreditado pela difícil campanha que quase custou a eliminação nas Eliminatórias. Jogando um futebol burocrático, porém consistente em seu sistema de marcação e obediência tática, a seleção canarinho tinha na dupla de ataque Bebeto e Romário sua principal arma. Mas antes de embarcar para os Estados Unidos, o jovem atacante Ronaldo aceitou participar do videoclipe da música 175 Nada Especial do rapper Gabriel, O Pensador, vivendo um cobrador de ônibus. Na primeira fase, ganhou da Rússia por 2 a 0, de Camarões por 3 a 0 e empatou com a Suécia por 1 a 1. Nas oitavas, ganhou por 1 a 0 dos Estados Unidos em pleno feriado da independência americana. Nas quartas um grande jogo: Brasil e Holanda. A seleção marca 2 a 0 no segundo tempo. A Holanda reage com Dennis Bergkamp e Aron Winter; Branco amplia, 3 a 2 e o Brasil volta às semifinais de uma Copa. A seleção canarinho vence a Suécia com um gol de cabeça do baixinho Romário e 24 anos depois está numa final de copa, novamente contra a Itália. O time de Roberto Baggio teve duas fases distintas: uma campanha razoável na 1ª fase, classificando-se somente no número de gols marcados, em um grupo considerado de nível técnico mediano, com seleções do porte de México, Irlanda e Noruega. Na partida contra a Noruega, houve a expulsão de Gianluca Pagliuca - a primeira expulsão de um goleiro na história das Copas. Já na fase subseqüente, a partir das oitavas, eliminou sucessivamente Nigéria, Espanha e Bulgária, todos por 2 a 1, sempre com Baggio brilhando.

Transmissão pela TV para o Brasil
A Copa do Mundo de 1994 teve sua história contada no filme Todos os Corações do Mundo, dirigido por Murilo Salles. Mas, muito antes de seu lançamento, o diretor liberou algumas imagens feitas de outros ângulos de alguns jogos daquele mundial para o programa "Fantástico", da Rede Globo.

A cobertura da TV brasileira foi feitas por Globo, Bandeirantes e SBT. Na Globo, os locutores foram Galvão Bueno, Oliveira Andrade e Cléber Machado, e os comentaristas foram Pelé, Raul Plassmann e Arnaldo Cézar Coelho. Na Band, a narração ficou por conta de Luciano do Valle, Silvio Luiz, Marco Antônio Matos, Jota Júnior e os comentaristas foram Gerson, Rivelino e o recem-contratado Tostão. No SBT, os locutores foram Luís Alfredo, Carlos Valladares e Osmar de Oliveira e os comentaristas foram Telê Santana, Orlando Duarte, Carlos Alberto Torres (capitão do tri em 1970) e Antero Greco. Também no SBT, se destaca também o "amarelinho", uma simpática bolinha amarela que era o mascote das transmissões dos jogos do Brasil na emissora de Silvio Santos. A Manchete também ia fazer parte dessa cobertura, mas, devido aos seus problemas financeiros, teve que ficar de fora, mesmo que a emissora de Adolpho Bloch tenha tido Osmar Santos em seu último ano como locutor.

Final
A final, entre Brasil e Itália, entrou para a história por dois motivos: Primeiro, por fazer surgir a primeira seleção a conquistar o quarto título mundial (ambos os países já tinham ganho três mundiais). Segundo, porque foi a primeira vez que a final de uma Copa do Mundo foi decidida nos pênaltis. O jogo terminou em 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação. A vitória do Brasil veio após uma defesa do goleiro Taffarel e um chute para fora dos italianos Roberto Baggio e Franco Baresi. O Brasil recuperava a coroa e conquistava assim o inédito quarto título da copa do mundo, igualado apenas no mundial de 2006, pela própria Itália, que perdeu para o Brasil nesta final de 1994. O grande destaque da copa foi o "baixinho" Romário, que com seus cinco gols e assistências perfeitas, como aquela em que deu à Bebeto contra os EUA, foi o principal nome brasileiro na Copa. Craque, polêmico, galanteador e boêmio, o baixinho brilhou e confirmou a sua espetácular fase vivida então no Barcelona; a Fifa o escolheu o melhor jogador da Copa de 1994.

Para aproveitar os festejos pela conquista histórica, a equipe decidiu homenagear o piloto brasileiro Ayrton Senna, que morrera dois meses antes num terrivel acidente numa corrida de Formula 1 realizada justamente na Itália. A homenagem veio no cartaz que dizia: "Senna, Aceleramos Juntos. O Tetra é Nosso".

Na final o Brasil entrou em campo com: Taffarel; Branco, Aldair, Márcio Santos e Jorginho; Dunga(C), Mauro Silva, Zinho e Mazinho; Romário e Bebeto.

COPA DO MUNDO DE 1990

Alemanha bate a Argentina e leva tricampeonato

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Alemanha fez a festa
A Copa do Mundo de 1990 foi a 14ª Copa do Mundo disputada, e contou com a participação de 24 países. Num total de 112 países participaram das eliminatórias. O campeonato ocorreu na Itália. Foram marcados 115 gols, 52 foram de bola parada.

A Itália, dona da casa, era grande favorita ao título. O Brasil, campeão sul americano, comandado pelo técnico Sebastião Lazaroni, adotou o sistema com líbero, com dois laterais, chamado 5-3-2, tornando irreconhecível o time canarinho. A Copa de 1990 passou para a história como uma copa de equipes defensivas, que jogavam apenas para alcançar o resultado. Brasil e Argentina eram os maiores expoentes desta síndrome.

A seleção brasileira, dividida por brigas internas, foi precocemente eliminada. Após passar com dificuldades pela primeira fase, apesar de 3 vitórias (2 a 1 na Suécia com dois gols de Careca, 1 a 0 na Costa Rica e 1 a 0 na Escócia) com um gol de Müller a 10 minutos do fim do jogo). o Brasil caiu nas Oitavas de Final, frente à Argentina por 1 a 0 (o gol foi de Claudio Caniggia, em uma única jogada genial de Maradona). O Brasil lutou, mas perdeu várias chances de gol. Foi a pior campanha brasileira desde 1966.

Se o Brasil não esteve entre os destaques da Copa, a seleção de Camarões foi a grande surpresa do mundial. Liderada pelo experientíssimo Roger Milla, a equipe africana surpreendeu a Argentina, campeã mundial, e venceu por 1 a 0 no jogo de abertura da copa, (gol de François Omam-Biyik de cabeça, com a colaboração de Nery Pumpido). Avançou até as Quartas de Final, com vitórias sobre a Romênia 2 a 0, (dois gols de Milla) e Colômbia 2 a 1 (com mais dois gols de Milla, que ao marcar seu segundo gol, tirou a bola do goleiro René Higuita), mas perdeu por 3 a 2 da Inglaterra, em um jogo sensacional com viradas dos dois lados e dois pênaltis, ambos convertidos por Gary Lineker, artilheiro da Copa do México.

A Itália, dona da casa, estreou com um gol salvador do reserva Salvatore Schillaci, contra a Áustria 1 a 0. Os italianos ainda venceram por 1 a 0 os EUA mas desperdiçaram um pênalti, defendido por Tony Meola, 2 a 0 frente à Tchecoslováquia, de Tomáš Skuhravý, com um golaço de Roberto Baggio, 2 a 0 o Uruguai (gols de Schillaci e Aldo Serena) e 1 a 0 a Irlanda chegando às semifinais. Na Semifinal se defrontou com a Argentina que obteve uma campanha fraca, dependendo quase que unicamente de Diego Armando Maradona, com futebol apenas razoável, defensivo, que contou com muita sorte na vitória contra o Brasil (3 bolas contra sua trave) e com o milagreiro Sergio Goycochea no jogo contra a Iugoslávia, nos pênaltis.

A Alemanha Ocidental, treinada por Franz Beckenbauer, percorre seu caminho em direção ao título com a seguinte campanha: 4 a 1 na Iugoslávia, 5 a 0 nos Emirados Árabes, 1 a 1 com a Colômbia com dois gols nos minutos finais de jogo, (Pierre Littbarski aos 44 e Freddy Rincón aos 47) 2 a 1 na Holanda e 1 a 0 na Tchecolováquia até as semifinais.

Nas semifinais, ocorrem dois clássicos: Alemanha X Inglaterra e Argentina X Itália. No primeiro jogo, uma das maiores rivalidades da Europa, muito equilíbrio, e um empate em 1 a 1 com gols de Andreas Brehme para o time alemão e Lineker marcou para os ingleses. A Inglaterra não chegava nas semifinais desde a Copa de 1966, quando foi campeã e, mesmo tendo um de seus melhores times em Copas com jogadores talentosos como Lineker, Paul Gascoigne, David Platt, Ian Wright, e o veterano goleiro Peter Shilton, não conseguiu furar o bloqueio alemão e a decisão foi para os pênaltis, onde pesou a tradição da Alemanha, que venceu por 4 a 3 e chegou à sua terceira final consecutiva, um recorde inédito até então.

"Desculpe Dieguito, nós te amamos, mas a Itália é a nossa pátria". Essas palavras expressavam o sentimento da torcida italiana no Estádio San Paolo, em Nápoles, onde Argentina e Itália se enfrentariam. Foi lá que Maradona viveu seus melhores dias na carreira. Começa o jogo, os italianos dominam e Schilacci faz 1 a 0. A Argentina se recupera em campo, mostra um futebol e uma auto-confiança que não mostrara e Caniggia empata. O empate persiste na prorrogação e a decisão da vaga também vai para os temidos penais. A torcida napolitana torce para que, só desta vez, Maradona erre o pênalti, mas ele marca. Goycochea brilha, defende dois pênaltis e a Itália, anfitriã e talvez a maior favorita ao título no início da competição, dá adeus ao tetracampeonato.

No estádio San Nicola, em Bari, na decisão do terceiro lugar, Itália e Inglaterra fazem um jogo de anticlímax mas que acaba ganhando contornos mais emocionantes em seu desenvolvimento, se tornando um jogo bastante disputado. A Itália ganha o terceiro lugar por 2 a 1 com um gol de pênalti de Schillaci, que, desta forma, se torna o artilheiro da Copa. Apesar de não terem chegado às finais, tanto os jogadores italianos quanto os ingleses demonstraram estar orgulhosos pela campanha de suas seleções e a entrega das medalhas pelo 3º lugar se tornou um dos momentos mais marcantes da Copa de 90.

Chega o dia 8 de julho de 1990. No Estádio Olímpico de Roma, a Alemanha Ocidental de Lothar Matthäus e a Argentina de Maradona fariam a revanche da Copa de 1986. El Pibe de oro, que já era "odiado" pelos torcedores romanos por sua atuação em Nápoles, se vingou, chamando palavrões para a torcida, que vaiou o hino argentino. Ele se tornou um dos mais hostilizados pela torcida devido à eliminação italiana na semifinal. Os argentinos buscavam o tricampeonato mundial mas, depois de dois vice-campeonatos consecutivos, a Alemanha não deixaria o título escapar e domina amplamente a partida. Maradona e Jorge Burruchaga, a dupla que desmantelara a zaga alemã no jogo final da Copa de 1986 com jogadas rápidas, desta vez havia sido bem neutralizada por uma forte marcação e a tática argentina de atuar nos contra-ataques não resulta em perigo. Resta aos hermanos segurar o empate em busca de um lance isolado, como acontecera contra Brasil e Itália dias antes ou levar a decisão nos pênaltis, onde Goycochea sempre se destacou. A Alemanha, de tanto pressionar, trata de ganhar uma vantagem psicológica, e ela acontece aos 74 minutos quando Pedro Monzón faz uma falta feia em Jürgen Klinsmann (que chegou a erguer suas pernas para o ar), o que faz com que o argentino seja expulso. 

Com a vantagem, a Alemanha chega finalmente ao gol do título. Aos 84 minutos, Klinsmann bate falta próximo da área e na seqüência da jogada, Roberto Sensini, que havia entrado no 2º tempo, comete pênalti duvidoso em Rudi Völler. Maradona reclama e recebe cartão amarelo. Brehme bate rasteiro no canto e Goycochea, desta vez, não pega. Faltava muito pouco para o fim da partida e a Argentina não teria condições de reagir. A Alemanha conquistava o tricampeonato. Franz Beckenbauer se torna o primeiro europeu (e o segundo campeão de Copa do Mundo) a ser campeão do torneio como treinador e jogador. Apesar do gol do título ter vindo de um lance duvidoso, o título germânico foi incontestável. 

A Alemanha Ocidental tinha a equipe mais sólida do futebol mundial, contando com jogadores como Klinsmann, Völler, Pierre Littbarski, Matthäus, Brehme, Jürgen Kohler, Bodo Illgner e Thomas Häßler vivendo o melhor momento das carreiras. Lothar Matthäus recebeu, ainda em 1990, a Bola de Ouro e o prêmio de Melhor Jogador do Mundo. A Copa de 1990 serviu também como uma homenagem simbólica a um país que seria reunificado poucos meses depois.

Curiosidades
Mascote
Ficheiro:Italia 90 mascot.png 
Ciao, a mascote da Copa da Itália.A mascote da Copa de 1990 foi Ciao, um boneco que tinha as cores da bandeira italiana, e sua cabeça era uma bola.

Estreantes
Esta foi a primeira Copa do Mundo de três nações: Costa Rica, Irlanda e Emirados Árabes (o técnico era o brasileiro Carlos Alberto Parreira, tetracampeão na Copa seguinte).

Água estranha
Depois do jogo com a Argentina, o lateral Branco saiu dizendo que havia pedido água ao massagista da equipe adversária e, depois de beber, tinha ficado zonzo. Estranhou que a água dada a ele não fosse do mesmo frasco entregue a Maradona. Ficou preocupado e comunicou ao bandeirinha. Depois, na volta para a concentração, dormiu no ônibus e continuou sonolento no dia seguinte. A história, que parecia uma desculpa pelo fracasso da Seleção em campo, acabou sendo comprovada no início de 1993 pelo massagista argentino Miguel di Lorenzo. Ele confessou ao jornal El Clarín que, em sua maleta, havia dois tipos de água: uma para os argentinos e outra para os brasileiros. As garrafas foram entregues pelo técnico Carlos Bilardo.

A muralha
O italiano Walter Zenga foi o goleiro que ficou mais tempo invicto em Copas: 517 minutos. Sua invencibilidade foi quebrada aos 22 minutos do segundo tempo com um gol do argentino Caniggia, na semifinal entre Itália x Argentina, em Nápoles.

Gol contra
No jogo Brasil X Costa Rica, houve um lance que gerou uma grande repercussão, o gol teria sido feito pelo zagueiro Montero ou por Müller. O juiz tunisiano Naji Jouini deu o gol para o costa-riquenho. Mais tarde, a delegação brasileira protestou e o gol veio para Müller. Depois, a FIFA mudou de ideia outra vez e o gol voltou a ser atribuído a Montero. O senador Romeu Tuma, à época superintedente da Polícia Federal, disse que a seleção deveria treinar a sua pontaria com a policia brasileira.

Juiz pede jogo
No último jogo do Grupo F, Irlanda e Holanda fizeram um papelão. Acomodadas com o empate em 1 a 1, ficaram tocando a bola em seus campos de defesa, sem partir para o jogo, pois o resultado classificaria ambas as seleções, ficando rigorosamente empatadas em todos os critérios. Na metade do segundo tempo, o árbitro francês Michel Vautrot parou o jogo, chamou os capitães e pediu para que as equipes buscassem o gol. Esse apelo não foi atendido. Acabou sobrando para a Holanda, que, com o resultado, pegou a Alemanha Ocidental nas oitavas e foi eliminada. A Irlanda só viria ser eliminada na próxima fase, pela Itália, realizando a façanha de chegar às quartas de final sem vencer nenhum jogo e marcando apenas 2 gols.

Caça a Dieguito
Maradona foi o jogador mais caçado na Copa de 90. Ele sofreu 53 faltas e o segundo mais caçado foi o inglês Paul Gascoigne. El pibe de oro mostrou ao mundo que é ambidestro após afastar com a mão direita uma bola colocada na área da sua equipe no jogo contra a União Soviética, que perdeu por 2x0. O resultado decretou a eliminação dos vermelhos da competição.

Dançando lambada
O ritmo musical que tomou conta do Brasil na época da Copa foi a lambada, dança criada no norte brasileiro (especificamente no Pará) nos anos 1970. O Brasil chegou aos anos 1990 dançando o ritmo em bailes, festas de aniversário, casamento, festas juninas, entre outras. Durante a Copa do Mundo, a moda dançante brasileira se espalhou pelo mundo graças aos comandados de Lazaroni. Depois de abrir o placar para o Brasil na estreia contra a Suécia, o atacante Careca correu em direção à bandeira de escanteio e ensaiou passos de lambada. O gesto intrigou os jogadores de outras equipes e a partir daí, os torcedores passaram a aguardar a lambada dos brasileiros. O ponto máximo do gesto porém veio na primeira partida das oitavas-de-final entre Camarões e Colômbia no Estádio San Paolo, em Nápoles. Quando marcou os dois gols da vitória de 2x1 dos Leões Indomáveis sobre os colombianos, o atacante Roger Milla imitou Careca nas bandeirinhas de córner e o ritmo passou a sacudir o Mundial e o resto do planeta, que ficou bastante interessado na lambada.

Adeus, Copa do Mundo
Essa foi a última Copa que teve a participação de três nações extintas: Tchecoslováquia, União Soviética e Alemanha Ocidental, sendo que a última terminou como campeã.

Baixinho guerreiro
Autor do gol do título da Copa América de 1989, o atacante Romário quase não teve presença confirmada por causa de uma grave contusão no tornozelo. O "baixinho" se recuperou em tempo recorde, embora só tenha jogado uma partida contra a Escócia e foi substituído por Müller.

Lágrimas em campo
Ao fazer falta no alemão Thomas Berthold, o craque inglês Gascoigne recebeu o segundo cartão amarelo e teve uma crise de choro em campo, pois ficaria de fora da final caso a Inglaterra ganhasse. Mas os alemães levaram a melhor e venceram por 4x3 nos pênaltis. O arbitro dessa partida foi o brasileiro José Roberto Wright.

Clássico de Milão
O quarto jogo das oitavas Copa de 1990 teve fatos curiosos antes da bola rolar. A começar pelo local do jogo, o estádio San Siro, em Milão. Em seguida, três jogadores das duas equipes jogavam nos dois principais clubes da cidade: Os alemães Andreas Brehme, Jürgen Klinsmann e Lothar Matthäus atuavam pela Internazionale e os holandeses Frank Rijkaard, Marco Van Basten e Ruud Gullit jogavam pelo Milan.

Estrangeiros
Das 24 equipes que participaram da Copa, 12 - além da Itália - tinha pelo menos um jogador que atuasse nos clubes do país-sede.

Desleais
A Argentina foi a equipe mais indisciplinada do torneio. Teve 23 cartões amarelos e três vermelhos em 177 faltas cometidas.

Prazer, eu sou o Papa
Nas vésperas da Copa, o técnico Sebastião Lazaroni revelou seus dotes de ator, gravando um comercial para a FIAT. O texto acabou virando motivo de piada depois da desclassificação brasileira. O texto do comercial era esse:

Policial: Documentos, senhor Lazaroni, italiano?
Lazaroni: Não, eu sou brasileiro.

Policial: E o que faz aqui?
Lazaroni: Eu sou técnico da Seleção Brasileira.

Policial: Ah, não. Agora vai dizer que este Uno é também brasileiro…
Lazaroni: Sim, é feito no Brasil e é exportado para a Itália.

Policial: Lazaroni, brasileiro, técnico da Seleção Brasileira, guia um Uno brasileiro. Prazer senhor Lazaroni, eu sou o Papa!

Essa foi a primeira vez desde a Copa do Mundo de 1966 que a Inglaterra conseguiu chegar as semifinais, mas perdeu para a Alemanha e para a Itália.

Final:
Alemanha Ocidental 1 x Argentina 0


Eliminatórias: 106 seleções
Classificados automaticamente: Argentina (última campeã) e Itália (país-sede)
Sede: Itália 
Campeão: Alemanha Ocidental - 3º título
Jogos: 52
Gols: 115
Média de gols: 2,21
Público: 2.517.348
Média de público: 48.411
Artilheiro: Salvatore Schillaci (Itália) - 6 gols

O Brasil na Copa de 1990 na Itália: Eliminado nas oitavas-de-final - 9º lugar
4 jogos | 3 vitórias e 1 derrota | 4 gols a favor e 2 gols sofridos | saldo de gols +2.
Curiosidades:

Roger Milla, 38, se tornou o mais velho jogador a marcar um gol na história das Copas.

O goleiro Walter Zenga, da Itália, bateu o recorde de minutos sem levar gol em Copas, do alemão Sepp Maier (475min, nas Copas de 74 e 78). Ficou 517min invicto, até a semifinal contra a Argentina (1 a 1). 

A Copa da Itália de 1990 reuniu, pela primeira vez, todos os times campeões mundiais (na época, Uruguai, Brasil, Inglaterra, Itália, Alemanha e Argentina).